Os felizes

Tudo com enormes fardas de rum
vagueávamos
noite dentro
e os lixeiros vinham atrás de nós!

Tudo com enormes pedras de erva
cantávamos
dançávamos
a noite não tinha fim.

fomos irmãos e amantes
fomos perfeitos uns para os outros
fomos e queríamos ser
sempre assim como antes

Todos sumimos, mas
Porém
Todos se foram embora
Perdidos na vida dos outros.

Fomos fumaça
Nuvens cheias de estática
Cúmulos de energia
Fomos latência

quantas vezes dormimos todos
juntos
sem roupa nem pudor
quantas vezes fodemos
sem ter medo, sempre sem ter medo

O Sol, o odiado Sol
Punha-se ao contrário
Sobre as nossas débeis cabeças
Deitadas no jardim. Nascia,
Diziam os infiéis. Morria,
Dizia eu. Ninguém queria saber.

Um por um partimos.
Sós, nunca acompanhados
No meio de estranhos
Nunca acompanhados.

só nos partilhávamos a nós
próprios
ninguém mais nos conhecia
ninguém queria conhecer
ninguém queria saber

Da droga que resistia no sangue
e das ideias ainda mais
os homens teatrais, convenceram-nos de tal
que achamos por bem
nunca mais querer mais
vil experimentação – vil mortalidade
já não existia dilema
vil criadagem
da alma em si pequena

Submited by

Wednesday, May 9, 2012 - 01:38

Poesia :

No votes yet

infectofacto

infectofacto's picture
Offline
Title: Membro
Last seen: 7 years 50 weeks ago
Joined: 03/20/2012
Posts:
Points: 172

Comments

Anaamorim's picture

Quando o conformismo os leva,

Quando o conformismo os leva, seremos nós a arvore de raíz mutilada que permanecerá seca e pequena perante o fulgor de tantos saberes já completos de drogas que os repletam dessa mesma noite.

Gostei especialmente desta imagem:

O Sol, o odiado Sol
Punha-se ao contrário
Sobre as nossas débeis cabeças
Deitadas no jardim. Nascia,
Diziam os infiéis. Morria,
Dizia eu. Ninguém queria saber.

infectofacto's picture

Olá Ana, obrigado pelo

Olá Ana, obrigado pelo comentário. Entretanto alterei ligeiramente a última estrofe, não transmitia como queria o que era pretendido.

Add comment

Login to post comments

other contents of infectofacto

Topic Title Replies Views Last Postsort icon Language
Poesia/General Quanto 0 660 05/14/2015 - 12:15 Portuguese
Poesia/General desolação 0 658 08/17/2014 - 16:00 Portuguese
Poesia/Song Começar 2 1.126 06/13/2014 - 11:23 Portuguese
Poesia/General Desacção 0 611 06/08/2013 - 14:19 Portuguese
Poesia/Disillusion Saio de mim 0 706 01/21/2013 - 17:51 Portuguese
Poesia/General Cruzeiro 0 754 01/04/2013 - 01:45 Portuguese
Poesia/General Diálogo sem fim #3 0 674 10/09/2012 - 13:31 Portuguese
Poesia/General Calafrio 0 768 08/30/2012 - 02:02 Portuguese
Poesia/General Jazz 0 756 08/17/2012 - 01:02 Portuguese
Poesia/General Navego 1 796 08/06/2012 - 01:09 Portuguese
Poesia/General Sonhos 0 717 07/17/2012 - 10:43 Portuguese
Poesia/General Iluminação 0 732 06/01/2012 - 04:10 Portuguese
Poesia/General (Untitled) 2 829 05/25/2012 - 21:22 Portuguese
Poesia/General Ladainha 3 870 05/21/2012 - 04:10 Portuguese
Poesia/General Justificação da realidade 4 825 05/20/2012 - 17:53 Portuguese
Poesia/General Os felizes 2 856 05/14/2012 - 18:50 Portuguese
Poesia/General No escuro 2 856 04/28/2012 - 22:20 Portuguese
Poesia/General A carne 0 869 04/25/2012 - 12:13 Portuguese
Poesia/General Da procura 2 826 04/25/2012 - 03:51 Portuguese
Poesia/General O meu amigo 2 844 04/24/2012 - 23:22 Portuguese
Poesia/General Os alienados 3 966 04/21/2012 - 22:17 Portuguese
Poesia/General deus 4 868 04/21/2012 - 02:19 Portuguese
Poesia/General Estupefacção 3 900 04/19/2012 - 22:55 Portuguese
Poesia/General (Untitled) 2 980 04/19/2012 - 02:26 Portuguese
Poesia/General Ritmo 1 828 04/19/2012 - 02:12 Portuguese