SONHAR
Sonhar
Vou voando no meu pensamento sem ouvir a minha voz,
Estou a ser violento comigo, estou a ser atroz,
Estou sem fala, com vontade de gritar mas o silêncio não deixa,
É mais muito forte do que o meu surdo grito,
Até parece que estou amordaçado, estou aflito,
Este é o meu pensamento, é a minha silenciosa queixa.
Vou continuando a voar sem asas, sigo o meu instinto,
Ouço o zumbido dos meus ouvidos nada mais sinto,
Aliás, já me esquecia, sinto também o bater do meu coração,
Ele está dentro de mim, faz parte do meu eu, não está cansado,
Vai trabalhando lentamente mas às vezes sente – se magoado,
Por falta de palavras boas, por falta de compreensão.
Quando eu deixar de voar, é porque deixei de pensar,
Deixando de pensar é porque já não sou eu, estou a vegetar,
Eu não desejo que isto me aconteça, mas nada mando,
O tempo é o meu dono, é ele o meu aconselhador,
Quando estou só comigo a pensar, sem sentir qualquer dor,
Pois já estou habituado a falar só com o tempo que me vai dando.
Vou voando no meu pensamento sem ouvir a minha voz,
Estou a ser violento comigo, estou a ser atroz,
Estou sem fala, com vontade de gritar mas o silêncio não deixa,
É mais muito forte do que o meu surdo grito,
Até parece que estou amordaçado, estou aflito,
Este é o meu pensamento, é a minha silenciosa queixa.
Vou continuando a voar sem asas, sigo o meu instinto,
Ouço o zumbido dos meus ouvidos nada mais sinto,
Aliás, já me esquecia, sinto também o bater do meu coração,
Ele está dentro de mim, faz parte do meu eu, não está cansado,
Vai trabalhando lentamente mas às vezes sente – se magoado,
Por falta de palavras boas, por falta de compreensão.
Quando eu deixar de voar, é porque deixei de pensar,
Deixando de pensar é porque já não sou eu, estou a vegetar,
Eu não desejo que isto me aconteça mas, nada mando,
O tempo é o meu dono, é ele o meu aconselhador,
Quando estou só comigo a pensar, sem sentir qualquer dor,
Pois já estou habituado a falar só com o tempo que me vai dando.
Tavira, 24 de Outubro de 2009 - Estêvão
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