Planagem

Vou dar às aves,
As palavras.

Que as levem,
Na madrugada orvalhada
Pelo regime fechado,
Na algibeira de uma criança,

No voo suave,
Pelo sorriso universal,
Dos amigos,
Em memória imortal.

Abraçem a melodia,
Sem falar,
O pio livre,
O meu piar,...

Vão pelo vento,
Rasando os campos,
Doirados dos avós,
Poisados no tempo,
Quando estão sós...

Fiquem sem fala,
No momento,
Como uma fotografia tosca,
No desfocar desse grito.

Ofereço
O peso a quem o carregue,
E arraste,
Quanto baste,
O que não doi,...

Pela forma,
Livre,
Em que padeço,
Lá no alto,
E na arte
De observar.

Joguem,
O mote,
Na manifestação de um jogo,
Pela inquietação
De um amar,...

Serão palavras bonitas,
Sem feridas,
Nem dor,
Palavras dirigidas,
A quem queira amor.

Batam a asas,
Completas,
Na vossa arte que é minha arte,
E meu conforto.

Seja esse o destino,
Minha sorte,
No sorriso que se rasgou,
De quem me esperava.