Qual viagem…
Queria trazer eu do gelo, um beijo
Não meu, mas da chuva temperada
E quente,, congelado no momento
Antes de o ser dado… e o prazer
Do antes quase colado, sem palavras,
Quase como se fosse o instante,
Depois do relâmpago que precede
A tempestade,queria ser eu
P’lo temporal açoitado, com dentadas
Da chuva brava, como se uma boca
Danada me afagasse o pelo com
O cheiro a ozone e terra molhada,
Fresas como beijos da natureza
Fada e o odor bravio a pinheiro,
Quereria amar a lua e luar, mesmo
Aquele agreste e frio de Janeiro,
Com o chão prata e branco, assim
Como o meu desmazelado cabelo
Amante das madrugadas e do afago
Das pedras dos caminhos onde caio
Eu ao anoitecer que amo, que beijo
E onde me ajeito, assim como se fosse
Meu travesseiro, minha confidente
Meu amor primitivo e primeiro,
Sinto como se morresse de prazer
E o não voltar da morte seria o êxtase
Total e a certeza de fazer parte da vida
Na Terra redonda na qual viajo…
Jorge Santos (31/08/2015)
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