Isto não é poesia...

A minha língua tece
sons que poisaram na tua boca
rodeando a polpa suave dos signos
como se afundasse na maciez do creme
gelado, adociado, enebriante.

Os meus dedos procuram
a razão encastoada de serem algodões
por entre os sentidos embotados
das tuas sendas diáfanas, poluidas
de amor insano espiralado.

Isto não é poesia...
é somente a heresia de criar
no teu restolho um ramo de linhas
como quem se presenteia
com flores do campo.