Companhia de Sensações - II

o Medo está ausente. nestas noites mais pálidas, encarna a vontade de deambular pelas ruas, entre paredes e descampados. leva nos olhos uns óculos escuros para o disfarce. todos desejam esconder os medos, e o Medo tenta o disfarce. é conhecido na morta vizinhança como o estripador, é visto por todos os olhos como o penetra corpos. leva numa mão, subtilmente ligada ao pulso por uma corrente, a faca. na outra, protegida por uma gasta luva vermelha, transporta o peso do encontro da mão dele com a mão esquerda da Paixão. Paixão é nova. regista na pele vinte e dois anos e nos dedos sangue de corações.

percepções - o verde acastanhado das ervas entre os paralelos do parque de estacionamento tentam arrebitar. as pedras cinzentas posicionam-se geométricamente iguais. é sempre tudo tão igual. da janela do quarto andar, Desgaste manda a última beata, do último cigarro, em queda livre até ao murmúrio do eco silencioso de encontro com o chão. a Solidão sorri. o sonho é quase a perfeição em acontecimentos. na outra ponta, estalavam as molas do colchão de Loucura. o som beliscava a casa. eu sentado na cadeira da cozinha. Desgaste encostado à janela, da cozinha, já fechada. a chave cravou na fechadura. Embriaguez acabara de chegar.

- / - (falta o dialogo que não será publicado no site)

a casa estremeceu. não pelo barulho repentino, não do tom bruto das palavras. finalmente uma aparição de vida aconteceu. da porta de entrada à cozinha são três passos para a esquerda. para a sala, ocupada por uma decoração na penumbra, bastavam dois passos em frente. Solidão surgiu, vinda da direita, com doze patadas suaves sobre o chão frio até Embriaguez.

- / - (falta o dialogo que não será publicado no site)

percepções - Embriaguez dá voz a um vulto, envoca a Solidão enquanto tomba cinquenta e oito quilos para a frente. Solidão verga-se repentinamente sem burocracias. Desgaste ajuda.

- / - (falta o dialogo que não será publicado no site)

percepção - é erguida com as forças precisas para o derrube da muralha da China. um foguetão não causaria tal impacto, no arranque contra a terra, como o estrondo da cabeça contra a porta. e as sanguessugas? essas macabras bocas, piores que piolhos e putas.

Hugo Sousa

Submited by

Thursday, March 20, 2008 - 13:58

Prosas :

No votes yet

HugoSousa

HugoSousa's picture
Offline
Title: Membro
Last seen: 13 years 19 weeks ago
Joined: 03/09/2008
Posts:
Points: 243

Comments

Henrique's picture

Re: Companhia de Sensações - II

Texto bem escrito, boa interpretação das coisas!

:-)

Add comment

Login to post comments

other contents of HugoSousa

Topic Title Replies Views Last Postsort icon Language
Fotos/Profile Eu há uns bons aninhos. 0 1.026 11/23/2010 - 23:34 Portuguese
Fotos/Profile Outro eterno amor. 0 1.014 11/23/2010 - 23:34 Portuguese
Fotos/Profile 119 0 1.221 11/23/2010 - 23:34 Portuguese
Fotos/Profile 118 0 1.180 11/23/2010 - 23:34 Portuguese
Fotos/Profile 117 0 1.270 11/23/2010 - 23:34 Portuguese
Prosas/Others Árvore de Sanguessugas - III / Companhia de Sensações - I 0 759 11/18/2010 - 22:39 Portuguese
Prosas/Others Árvores de Sanguessugas - I 0 815 11/18/2010 - 22:39 Portuguese
Poesia/General Não Sei, O Medo 0 905 11/17/2010 - 18:29 Portuguese
Poesia/General Vou Continuar 0 994 11/17/2010 - 18:29 Portuguese
Poesia/General Por Vezes Sim 1 625 02/25/2010 - 22:31 Portuguese
Poesia/General Minha Mulher Morta (Tendência dos Três M's) 1 756 02/25/2010 - 22:30 Portuguese
Prosas/Others Hoje Não 1 881 02/24/2010 - 13:27 Portuguese
Prosas/Others Dói-lhe Os Dentes - Parte I 1 1.043 02/24/2010 - 13:26 Portuguese
Prosas/Others Dói-lhe Os Dentes - Parte II 1 867 02/24/2010 - 13:26 Portuguese
Prosas/Others Gostamos De Cerejas, Arranca-me Os Olhos 1 957 02/24/2010 - 13:22 Portuguese
Prosas/Others Mataram-me-te 1 1.156 02/24/2010 - 13:21 Portuguese
Prosas/Others Companhia de Sensações - II 1 701 02/24/2010 - 13:15 Portuguese
Prosas/Others Árvore de Sanguessugas - IV 1 938 02/24/2010 - 13:14 Portuguese
Poesia/General Sonhos Altos 1 721 02/24/2010 - 01:54 Portuguese
Poesia/General Nem No Cochão Existem Dias 1 645 02/24/2010 - 01:53 Portuguese
Poesia/General Sopro 1 620 02/24/2010 - 01:53 Portuguese
Poesia/General Anti 1 1.128 02/24/2010 - 01:49 Portuguese
Poesia/General Resto 1 722 02/24/2010 - 01:48 Portuguese
Poesia/General Morreu O Titulo 1 707 02/24/2010 - 01:47 Portuguese
Poesia/General Na Desistência Está A Virtude Quando Nada Vale A Pena 1 709 02/24/2010 - 01:46 Portuguese