Palavras de um Amor Adiado
Foi com tristeza que te vi cruzar a ombreira da porta, sem ter provado o sabor de um beijo teu.
Eras tu quem partia e o sabor da visão das tuas costas, ficou pendurado no céu da minha boca, como o amargo de um dia mal passado, pela ideia constantemente presente de que hoje, não te teria em meus braços.
E até as palavras, essas que em qualquer outro dia me encheriam quase por completo, até mesmo essas tiveram um sabor a pouco.
Um sabor a tão pouco, como uma pintura multicolor, de cores vivas e brilhantes, transposta para uma mera escala de cinzentos.
E foste tu que partiste e eu que fiquei. Eu que fiquei sentado nesta cadeira, no tempo suspenso, com as mãos sobre as teclas, parado, vazio de ti.
E a ideia que a seguir me assolou foi simplesmente aterradora: "E se por um qualquer motivo fosse esta a última vez que eu te vira?"
Não são as tuas costas que eu quero lembrar,
Não é este sentimento de vazio que eu quero sentir,
Não é o amargo de boca que eu quero que fique sobreposto ao sempre doce sabor dos nossos beijos,
Não é a tristeza imensa, que neste momento me povoa, que eu quero que fique,
No final de nós,
No final de um qualquer dia.
Nós somos a loucura saudável,
Nós somos a irresponsabilidade responsável,
Nós somos o doce derramado sobre o fel,
Nós somos as palavras que nunca sobram e sempre faltam,
Nós somos a alegria do e pelo existir,
Nós somos escritos, sons, imagens e sentires,
Nós somos êxtase,
Nós somos carne, pele, sentidos,
Nós somos sonho, ilusão,
Nós somos realidade vivida com alma e ardor,
Nós somos tudo! Mesmo não sendo nada...
E tu,
Furacão de mim,
Noite da minha insónia,
Desvario da minha razão,
Desvio da minha rota vida,
Paixão consentida, vivida e sentida,
Tu,
Carregas neste momento contigo,
A minha alegria,
A minha luz interior,
Todos os meus desejos e vontades,
Todo o meu querer de um amanhã por vir,
A energia que faz o sangue correr nas veias,
E deixaste ficar em mim,
Aqui,
Assim,
Apenas,
O desalento,
De um dia ter passado,
E eu,
Não te ter condignamente,
Feito sentir,
O quanto te amo!
E se a certeza do teu amanhã,
For a inexistência do meu ser,
Eu quero que saibas,
Eu quero que sintas,
Que tu pulsas em mim,
(Oh, Quanto tu pulsas em mim,)
E que és TU,
A última imagem,
Pensamento,
Fôlego,
Pulsar,
Respiro,
Que em mim ocorre,
Diariamente.
Invariavelmente!
E o futuro,
Que teimo em não querer pensar,
Que teimo em adiar,
Que teimo em fazer por não me influenciar,
Esse,
Que com verdade te digo,
Dificilmente o vejo em pleno ao teu lado,
Com a mesma verdade te digo,
Dificilmente o equaciono sem ti.
E esta verdade,
Que neste momento vivo,
Que sendo a maior contradição de mim,
É a que sinto como mais verdadeira da minha existência.
E com a mesma força que
Te desejo,
Te sinto,
Te tomo nos braços,
Te acaricio,
Te beijo,
Com essa mesma força,
Eu te digo que te Amo,
E te/me pergunto:
"O que vou eu fazer de nós?"
E o futuro não "me importa",
Os condicionalismos do presente,
Não me interessam,
Desde que…
Desde que,
Eu te possa ter para mim,
Sempre,
Diariamente,
Pelo menos,
Sob a forma de um beijo.
Isto,
É claro…
Enquanto…
Enquanto tu me quiseres também!
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Prosas :
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Comments
Re: Palavras de um Amor Adiado
Texto bem escrito, boa interpretação das coisas!
:-)
Re: Palavras de um Amor Adiado
Viagem pelas palavras...lindo
Re: Palavras de um Amor Adiado
Prosa e poesia de mãos dadas resultaram num texto muito bom. :-)