Filosofia Sem Mistérios - Dicionário Sintético
INTUCIONISMO e INTUIÇÃO – nome dado às Doutrinas que usam a Intuição como base, ou que lhe atribuem importância fundamental no Campo do Conhecimento e da Ética. Abordaremos antes o significado do vocábulo Raiz “Intuição”:
INTUIÇÃO – é a compreensão total e imediata de um fato, de um objeto, ou de um SER. Para a maioria dos eruditos, é baseada em uma “Capacidade ou faculdade Especial” do Homem. Uma Sabedoria que surge de repente, sem a necessidade de antes terem existido Experiências e/ou Reflexões Racionais sobre o assunto. É o sentimento que aparece subitamente (uma “inspiração”, um “insight”) e que indica o caminho para se resolver um problema; ou então, para que aconteça uma revelação, uma descoberta.
É involuntária, pois não acontece segundo o “desejo consciente” do Individuo, mas (conforme alguns) é a “Resposta” dada pelo Inconsciente que trabalhou, ou processou os dados nele acumulado, sem que o Indivíduo participe diretamente da decisão de “quando” e “se” ocorrerá.
Alguns eruditos teológicos afirmam que a Intuição é uma capacidade que o Homem recebeu de Deus, por ser a Sua espécie predileta. Para outros, a Intuição é apenas um Instinto (animal) que o Homem Moderno herdou de seus antepassados mais remotos; e que, justamente por isso, ao contrário de diferenciar o Homem dos Animais, a Intuição só demonstra que ambos têm muito em comum.
Para DESCARTES (1596/1650, França) a “Idéia de Deus (ie, a noção de que Deus existe) e o “Cogito (o ato de duvidar que confirma a existência daquele que duvidou) são “Conhecimentos” originados pela Intuição. São intuitivos.
Para KANT (1724/1804, Alemanha), as noções de Tempo/Espaço são Intuitivas. São “uma Forma a Priori” da Sensibilidade; isto é, sem necessidade de qualquer Experiência seguida de Racionalização. O Homem intui, ou sabe intuitivamente, que tudo que Conhecer terá acontecido (ou está acontecendo) em certo Espaço e durante certo Tempo.
Voltando, pois, ao Sistema, observa-se que:
1. No Campo da Ética é a noção ou concepção de que o Homem aprende, ou compreende, os “Valores Éticos” pelo fato de que os mesmos são claramente evidentes. E é por conta dessa qualidade, ou característica, que a Compreensão é classificada como Intuitiva; sem a necessidade de ter sido precedida por Experiências e/ou Racionalizações. Aqui, deve-se notar que os “Valores Éticos” são relativos e mutáveis, porém isso não interfere na Intuição pelo simples fato de que o Homem intuirá os “Valores” que estiverem vigorando em sua época. Atualmente essa versão é alvo de muitas contestações, pois estudos provam que bebês não trazem do útero a noção de Valores Éticos, sendo que os mesmos lhes são ensinados no decorrer de suas vidas.
2. Já no Campo da Lógica (veja Logicismo*), o Intucionismo opõe-se à “Lógica Clássica”, pois enquanto esta se baseia na concatenação coerente das Idéias que resultam do processo Experiência, Racionalização e Conceituação; a “Lógica Intuitiva” ou “Intuicionista” inspira na “Matemática Intuicionista” de L.E.J. BROUWER (1881/1966, Holanda), para quem seria impossível deduzir toda Matemática somente da “Lógica Clássica”. Para BROUWER, a Intuição tem papel de destaque na formação do Conhecimento Matemático. Trata-se de uma forma de Construtivismo* que considera os elementos da Matemática (como os números, por exemplo) como “Construções Mentais”.
3. A Lógica Intuicionista NEGA o “Principio do 3º Excluído (1)”; admitindo, pois, a existência de Sentenças (ou proposições, propostas) que NÃO seriam nem Falsas, nem Verdadeiras. Seriam, na realidade, “Indecidíveis” (ou indefiníveis); pois só pode ser dada como Verdadeira a Sentença que possa ser comprovada através do “Conceito de Prova (ou os critérios para se comprovar algo) Intuicionista”, que é absolutamente rigoroso e exige que todas as provas sejam “Construtivas”; isto é, devem poder ser efetivamente “Construídas (mentalmente e teoricamente)”, o que exclui, por exemplo, “demonstrações” envolvendo o “Infinito (2)”. Fato que, aliás, indica que o Intucionismo é uma das Doutrinas que podem ser classificadas como um Sistema de Finitismo*.
1) O 3º Excluído – é um dos Princípios, ou uma das regras, principais da Lógica Clássica e que afirma: se uma Proposição é Verdadeira, a sua Negação é necessariamente falsa. E vice versa. Assim, não se admite a existência de uma 3ª alternativa, ou uma 3ª Possibilidade. Já na “Lógica Intuicionista” a eventual possibilidade de existir um 3º caminho não é impossível.
2) Infinito – nesta acepção a “Grandeza Matemática” que é arbitrariamente grande. Ou, aquilo que é incalculável.
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