inclinação da alma

o tempo que pára
e desnuda os corpos
em incandescentes tentativas
de tornar o todo num nada que escapa dos olhos
sem qualquer rasto de desculpas
reduzidas a farrapos
em lábios de redenção
que tomam formam no teu rosto
delineado a grãos de areia;
vou deitando as esperanças de um beijo esquecido
nos patamares cá de dentro
e sumindo o tumulto de vozes ruins
e estragadas que,
de quando em vez,
nos roubam apetites
luta-se perpetuamente
contra os momentos azedos que nos revestem a mente
sem permissão,
sem o desaguar de rios ébrios de morte:
é terrível, essa
não há odor mais trágico
assim se esconde a razão do efémero
e se acolhem as incertezas débeis
dos fracos,
e o afecto violento perdura
na espessura
de uma conquista de olhos fechados
rebentando costuras de alimento frio no colo dele
oh, quisera eu ser livre no seu regaço forte
tudo seria guiado
para as profundezas de um peito frouxo
mas amante,
tudo seria depositado em cofres e baús
de anjos-poetas e amor