A Terra (Gabriela Mistral)

Indiozinho, se estás cansado

Tu te recostas sobre a Terra,

fazes igual se estás alegre,

vai, filho meu, brinca com ela...


Que de coisas maravilhosas

soa o tambor índio da Terra:

se ouve o fogo que sobe e desce

buscando o céu, e não sossega.

Roda e roda, se ouvem os rios

em cascatas que não se contam.

Se ouve mugir os animais;

comer o machado a selva.

Ouve-se soar teares índios.

Se ouvem trilhos e se ouvem festas.


Aonde o índio está chamando,

o tambor índio lhe contesta,

e tange perto e tange longe,

como o que foge e que regressa...


Tudo toma, tudo carrega

o corpo sagrado da Terra:

o que caminha, o que adormece,

o que se diverte e o que pena;

os vivos e também os mortos

leva o tambor índio da Terra.


Quando eu morrer, não chores, filho:

peito a peito junta-te a ela

e se dominas o teu fôlego

como quem tudo ou nada seja,

tu ouvirás subir seu braço

que me jungia e que me entrega

e a mãe que estava quebrantada

tu a verás tornar inteira.

 

Gabriela Mistral, poetisa chilena. poema traduzido por Jeronymo Rivera.(1889-1957)

Professora primária em zona rural, foi a primeira figura literária feminina a ganhar o Prêmio Nobel no continente americano. É autora, entre outros livros, de Desolacióm, Ternura, Tala y Lagar.


 

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Jueves, Julio 7, 2011 - 21:33

Poesia :

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