Diferenças (Alexander Pushkin)
Não penses, meu amor, que no seio guardo
o tumultuar do sangue, o frenesi de que ardo,
os uivos dela, os gritos de bacante em cio,
quando, como uma cobra, sob mim se torce,
e em beijos que remordem e na carícia urgente
vem o estertor final da consumada posse.
Mais doce és tu, amor, tão sossegada e calma -
pelo prazer dorido com que eu sou todo alma
quando, após longamente suplicar-te ansioso,
com pudica modéstia cedes ao meu gozo
e a mim te dás enfim, mas desviando o olhar,
aos meus ardores tão fria e sem me ouvires falar,
mas despertando... ah quão devagar tu despertas...
até que, a contragosto, o meu prazer é o teu.
Alexander Pushkin, trad. Jorge de Sena.
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Jueves, Julio 14, 2011 - 17:40
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