A Serenidade (Hermann Hesse)

A serenidade não é feita nem de troça nem de narcisismo, é conhecimento supremo e amor, afirmação da realidade, atenção desperta junto à borda dos grandes fundos e de todos os abismos; é uma virtude dos santos e dos cavaleiros, é indestrutível e cresce com a idade e a aproximação da morte. É o segredo da beleza e a verdadeira substância de toda a arte.

O poeta que celebra, na dança dos seus versos, as magnificências e os terrores da vida, o músico que lhes dá os tons de duma pura presença, trazem-nos a luz; aumentam a alegria e a clareza sobre a Terra, mesmo se primeiro nos fazem passar por lágrimas e emoções dolorosas.

Talvez o poeta cujos versos nos encantam tenha sido um triste solitário, e o músico um sonhador melancólico: isso não impede que as suas obras participem da serenidade dos deuses e das estrelas.

O que eles nos dão, não são mais as suas trevas, a sua dor ou o seu medo, é uma gota de luz pura, de eterna serenidade. Mesmo quando povos inteiros, línguas inteiras, procuram explorar as profundezas cósmicas em mitos, cosmogonias, religiões, o último e supremo termo que poderão atingir é essa serenidade.

Hermann Hesse, in 'O Jogo das Contas de Vidro'.
 

Submited by

Lunes, Julio 25, 2011 - 16:34

Poesia :

Sin votos aún

AjAraujo

Imagen de AjAraujo
Desconectado
Título: Membro
Last seen: Hace 6 años 32 semanas
Integró: 10/29/2009
Posts:
Points: 15584

Add comment

Inicie sesión para enviar comentarios

other contents of AjAraujo

Tema Título Respuestas Lecturas Último envíoordenar por icono Idioma
Poesia/Intervención Orfeu Rebelde (Miguel Torga) 0 5.100 02/22/2012 - 11:57 Portuguese
Poesia/Meditación Os homens amam a guerra (Affonso Romano de Sant´Anna) 0 1.482 01/22/2012 - 11:13 Portuguese
Poesia/Dedicada Eppur si muove [Não se pode calar um homem] (Affonso Romano de Sant´Anna) 0 2.674 01/22/2012 - 10:59 Portuguese
Poesia/Intervención O Leitor e a Poesia (Affonso Romano de Sant´Anna) 0 9.262 01/22/2012 - 10:48 Portuguese
Poesia/Intervención Um despertar (Octavio Paz) 0 2.146 01/21/2012 - 23:14 Portuguese
Poesia/Aforismo Pedra Nativa (Octávio Paz) 0 3.566 01/21/2012 - 23:10 Portuguese
Poesia/Intervención Entre Partir e Ficar (Octávio Paz) 0 2.321 01/21/2012 - 23:05 Portuguese
Poesia/Aforismo Fica o não dito por dito (Ferreira Gullar) 0 1.661 12/30/2011 - 07:19 Portuguese
Poesia/Intervención A propósito do nada (Ferreira Gullar) 0 2.487 12/30/2011 - 07:16 Portuguese
Poesia/Intervención Dentro (Ferreira Gullar) 0 9.803 12/30/2011 - 07:12 Portuguese
Poesia/Pensamientos O que a vida quer da gente é Coragem (Guimarães Rosa) 2 2.807 12/26/2011 - 20:55 Portuguese
Poesia/Dedicada Adeus, ano velho (Affonso Romano de Sant'Anna) 0 2.955 12/26/2011 - 11:17 Portuguese
Poesia/Meditación Para que serve a vida? 0 2.789 12/11/2011 - 00:07 Portuguese
Poesia/Dedicada Natal às Avessas 0 1.376 12/11/2011 - 00:03 Portuguese
Poesia/Intervención A voz de dentro 0 2.719 11/18/2011 - 23:14 Portuguese
Poesia/Intervención As partes de mim... 0 2.183 11/18/2011 - 23:00 Portuguese
Poesia/Pensamientos Curta a Vida "curta" 0 2.554 11/13/2011 - 12:46 Portuguese
Poesia/Intervención Lobo solitário 0 3.908 11/13/2011 - 12:46 Portuguese
Poesia/Pensamientos A solidão na multidão 0 4.341 11/13/2011 - 12:43 Portuguese
Poesia/Pensamientos Não permita que ninguém decida por você... Seleção de Pensamentos I-XVI (Carlos Castañeda) 0 6.063 11/12/2011 - 11:55 Portuguese
Poesia/Pensamientos Não me prendo a nada... (Carlos Castañeda) 0 2.684 11/12/2011 - 11:37 Portuguese
Poesia/Pensamientos Um caminho é só... um caminho (Carlos Castañeda) 0 2.310 11/12/2011 - 11:35 Portuguese
Poesia/Meditación Procura da Poesia (Carlos Drummond de Andrade) 0 2.105 11/01/2011 - 12:04 Portuguese
Poesia/Intervención Idade Madura (Carlos Drummond de Andrade) 0 2.474 11/01/2011 - 12:02 Portuguese
Poesia/Meditación Nosso Tempo (Carlos Drummond de Andrade) 0 4.039 11/01/2011 - 12:00 Portuguese