Poderás ser a nossa Paz? (Dom Pedro Casaldáliga)

A maltratada paz das tuas costas,

mapa-mundi de todas as feridas,

anuncia à contraluz o Evangelho.

Costas feridas da Grande Cidade,

as vidas proibidas dos teus pobres

denunciam os cimentos do Sistema.

 

Entre o Norte e o Sul

a cruz do mundo,

a cruz do Terceiro Mundo,

é ainda a tua Cruz!

 

Todas as guerras enterram os seus obuses

na tua terra nua da tua carne.

Como gretas de noite envergonhadas,

a miséria recolhe os seus lucros

sob o pranto de sangue dos teus olhos, e o clamor dos pobres

emoldura tuas têmporas

como uma cruz de espinhos.

 

Contra a paz do Céu brasfemada,

sobre a paz calada dos mortos,

o Império levanta sua Babel:

a paz do Primeiro Mundo!

 

Paz, paz, paz... e não há paz!

 

Porque negam a passagem às estrelas,

porque afogam as flores em petróleo,

porque venderam o Justo,

porque mataram o Pobre.

Poderás ser a nossa Paz?

 

Dom Pedro Casaldáliga, poeta e ex-bispo da Prelazia de São Felix do Araguaia - MT, Brasil.

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Martes, Septiembre 20, 2011 - 22:38

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