Morrer de amor

Morrer de amor

          Morrer de amor? Isso é possível? No século XXI? No século XXI, não, mas no século XX, isso foi possível.
          Aconteceu numa linda tarde de primavera, no sul do país, mais precisamente, na cidade de Pelotas por volta da década de 40.
         Era uma linda menina gaúcha de 18 anos. Morena, com cabelos compridos e negros, assim como os seus olhos. Tinha um lindo sorriso. Resolveu sair para passear numa tarde gostosa de domingo. Pensou em ir ao parque, e para lá se dirigiu.
          Chegando lá, sentou-se no pequeno banco de frente para um lago. Banco que ela sempre sentava há anos. Dizia que gostava daquele em especial, pois podia olhar o verde do parque, a imensidão do céu, e as águas cristalinas do lago.
          Um certo tempo depois, um lindo rapaz perguntou se podia sentar ao seu lado. Ela, muito educada, assentiu. Ele puxou conversa com ela, e ficaram assim por muito tempo. Tinha ficado fascinado com a sua beleza, simpatia, encanto e inteligência. Além de ter o sorriso mais lindo que ele tinha visto até então.
          A gauchinha precisava ir embora, despediram-se e marcaram um encontro no parque no domingo seguinte. Ela retornou para casa, feliz e saltitante. Nunca o seu puro coração tinha sentido tal sensação.
          Foi a semana mais longa da vida desses dois jovens. Quando chegou o domingo, ela despertou muito cedo. Mas para sua surpresa, chovia e fazia muito frio. Sua mãe não permitiu que saísse de casa. Dizia “Por que você quer passear no parque com um tempo deste? Sossegue! No próximo domingo você irá.”
         A menina caiu numa tristeza muito grande, pois achava que o tinha perdido, já que não havia comparecido ao encontro. Mal sabia ela, que ele estava sofrendo tanto quanto a sua amada.
         A semana se arrastou. No domingo, ela acordou e correu para a janela, estava um lindo dia. Mal tomou café e correu para o parque. Quando chegou ao seu banco preferido, seu coração quase parou. Ele estava lá, sentado, mais lindo do que antes, esperando-a.
        O reencontro foi muito especial, cheio de amor. Sabiam que esse amor seria eterno. Fizeram muitas juras de amor.
        Numa tarde, ele se encheu de coragem e foi pedir consentimento aos pais dela para que o namoro acontecesse. Para surpresa deles, os pais não permitiram tal relacionamento, pois achavam que a filha era muito nova para namorar, que o rapaz não tinha um bom emprego e não estudava. Precisou trabalhar muito cedo para ajudar em casa, por isso teve que largar os estudos.
       Quando o rapaz se despediu muito triste, a linda menina foi para o quarto e chorava todos os dias. Tentou sair escondida para encontrá-lo, mas sua mãe estava sempre por perto, não permitindo que fizesse nada errado (na opinião dos pais).
       Depois de um mês, a doce gaúcha adoeceu. Não conseguia comer de tanta tristeza. Foi enfraquecendo, perdeu a beleza, os olhos já não sorriam, não tinha ânimo para nada. Estava em depressão.
       Quando seus pais tentaram reverter a situação, já era tarde demais, pois a linda menina faleceu. O médico da família diagnosticou: morreu de amor. E assim foi colocado no atestado de óbito.

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Miércoles, Noviembre 30, 2011 - 21:16

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Cristina_RJ

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Li com avidez

Li com avidez este relato, além de estar bem escrito, a temática chamou-me a atenção.

Obg por ter partilhado. Apesar de postar quase só poesia também gosto muito de prosa!

Bj

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