O Arrumar das Botas
Maria chamara Marta, para as coisas da avó, darem um destino,
Tinha tido uma cerimónia de pompa e circunstância, com banda e tudo à mistura,
Até o padre da aldeia, havia vestido o seu melhor hábito e tinha mandado tocar o sino,
Ela era acima de tudo, muito estimada e por todos considerada uma excelente criatura.
Deram toda a sua roupa à paróquia, aos mais necessitados,
Quanto aos seus pertences pessoais, decidiram repartir pelo seu herdeiro e herdeira,
Os seus netos, a sua família mais chegada, os seus postiços filhos amados,
Toda a sua vida, ali numa arca de madeira, de todo o seu passado, hospitaleira.
Jacinto estava inconsolável, Américo só pensava em vir embora,
Marta estava grávida e sentia-se muito cansada,
Maria, chorava cada vez que pensava nas suas palavras, naquela hora,
Se alguém aqui sofria, eram os dois irmãos, que estavam sozinhos, sem a sua avó amada.
Dias passaram e Maria, decidiu abrir a arca de madeira, onde guardara os pertences da finada,
Havia um vestido de finos trajes, que da avó, não seria certamente,
Uma data de livros antigos, velhos de grossa lombada,
Uma série de fotografias, dela e de uma data de gente.
Nunca havia visto aquelas fotografias, nem imaginava algum dia, encontrar tal coisa ali,
Tinha imagens dela, do seu casamento, com o seu marido, da sua filha quando era pequena,
De lugares lindos, de momentos de felicidade, de lugares e gentes que não eram dali,
Que vida tão alegre, era esta que desconhecera…porque teria a felicidade, saído de cena.
E os pequenos, também os encontrou, que eram tão bonitos,
Já imaginava se tivesse um filho de Jacinto, iria ter concerteza, aqueles cachos,
Que mãe teria sido aquela, que abandonara os seus filhos, tão formosos, sem defeitos,
Que tipo de mulher, ela seria, para a mãe, deixar tamanhos berbicachos.
Num pacote, enrolado por uma fita branca, estava um fino monte de papéis,
Uma carta escrita à mão, recebida há uns anos atrás,
Num envelope, estava um pedaço de cabelo e dois anéis,
E uma fotografia de uma moça grávida, com “Verónica” escrito por detrás.
Era a mãe do seu marido, mais nova, grávida, jovem,
Devia ter menos de dezasseis anos, porque tinha ainda um rosto de miúda,
Que mal havia deixado de sujar as cuecas, mas com um ar de desdém,
E possivelmente, estaria ali contrariada, pois estava com ar de trombuda.
Como que se fosse movida por algo superior a ela,
Decidiu abrir a carta, que alguém havia escrito a Josefa e enviado à sua morada…
Era uma carta da sua filha Verónica, onde contava o que havia sido dela,
E contava também, que um dia havia de voltar…voltar para os braços da sua família amada.
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Comentarios
Fiquei impressionado
fIQUEI IMPRESSIONADO COM O TEXTO. bELO TRABALHO!
Poeta, romancista, com a
Poeta, romancista, com a imaginação à altura,
tu continuas a imprimir a tua história,
com muito interesse, e belamente.
Gosto de ler-te,
:-)
Obrigado Caro Albano, Já
Obrigado Caro Albano,
Já havia sentido a tua falta por aqui, é sempre com um enorme gosto que recebo as tuas apreciações.
Joana
Caro Rui, Tu nem sabes o
Caro Rui,
Tu nem sabes o quanto quero eu chegar ao fim, pois até a mim, esta história me envolve de tal forma, que muitas vezez abdico de até mesmo estudar, para escrever mais um episódio dela.
Até porque já tenho outra em mente, e não posso fazer tanta coisa ao mesmo tempo, como ja dizia o ditado: a pressa é inimiga da perfeição.
Beijo-te
Joana
Aprecio-te imenso a coerencia
Aprecio-te imenso a coerencia e a vontade que cada vez mais se sente, de chegar ao fim... Mas realmente o que apetece é conhecer o próximo passo. Aguardo-te...
Beijo imenso!