Grande Irmão
Dormem os Gatos vagabundos
sobres os Pensares profundos.
Já os vadios Cães
sonham com as letras de Guimarães.
O Grilo da consciência
ainda tenta despertar
uma outra clarividência,
mas os Ratos sorrateiros
roem os Saberes verdadeiros.
Que se ouça, então,
o comando dos puleiros.
Que se queimem os livros derradeiros!
Sim! Decrete-se o fim da Cultura,
silva a Serpente inimiga da leitura.
Sim! Que se idiotize a distinta platéia,
uiva a feroz Alcatéia.
Que todos se hipnotizem
até a beira da vertigem,
zurra o Burro Pimpão (que
nem por isso, assiste ao
"Grande Irmão").
Que se deleitem com
a orgia pantagruélica
e freudiana,
suspira a Borboleta Machadiana...
A larga, mas à sorrelfa,
riem os lépidos animais
ao saberem o quanto se paga
por uma câmera a mais.
- Talvez todos ouro roubado das Gerais.
- Ora, ora, de quem tu falais?
- Psiu, não lhes interrompa os instintos bestiais.
E dança, canta e balança
a bicharada que se lança
ao festim dos incultos,
ou dos pobres estultos.
E assim caminha,
em fila errada,
a Humanidade adestrada.
Arrasta-se pela vida e,
entre duas propagandas,
assiste a "TV-Nada".
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