O Homem Denso
Pelas características que tem,
No carácter que contém:
O homem denso é aquele homem que não se sabe onde está , nem porquê, mas quando o procuramos com os olhos perscrutadores, acabamos por encontrá-lo.
O homem denso não é bonito nem feio. Tem um corpo proporcionado e equilibrado. Contornos e feições imprecisas, desfocadas…
Quando olhamos para ele, sente-se a intimidação,
apesar do seu olhar atrair na sua direcção.
Dá-se o facto de ele detectar a presença de quem o olha, atirando o observador para a dupla qualidade: “observador e observado”.
O homem denso é frequentemente visto a fumar. O cigarro nunca se apaga e nunca acaba.
Está sempre só.
Veste-se e reveste-se de tons escuros.
No tempo quente é mais difícil de vê-lo. Quase impossível. Talvez à noite.
De noite está sempre pelos cantos mais sombrios… confunde-se com a escuridão.
No tempo quente ele usa óculos escuros.
O homem denso é o único juiz que nunca sentencia ninguém…
Não se lhe conhecem amigos e raramente se ouve a sua voz.
Odor? quase inodoro. Quando se está mais próximo sente-se esse discreto perfume quase imperceptível. Cheiro a podre, mofo de tortura e desesperante sofrimento, guerra, destruição e mais atrocidades terríficas e horríficas. Cheiro fétido e nojento. Poluição.
Diz-se que a sua voz só se ouve uma vez na vida.
O homem denso é temido. Muito temido. Muito embora nunca tenha existido provas de que alguma vez tivesse feito mal a alguém.
O homem denso, podia bem ser apelidado de “Homem incógnito”.
Afinal tinha sido o medo que se instalara no rosto dos outros perante a misteriosa personagem do Homem Denso.
O Homem denso tinha sombra… caminhava sobre ela. Calcava-a e decalcava-a em passos firmes e misteriosos.
Por vezes parecia ser a sua sombra que precipitava os seus actos, antes mesmo dos seus movimentos se tornarem reais…
[o Homem denso existe. "Dentro de ti." - São os teus mais irracionais temores...]
A.R.Reserved
Ricardo Rodeia
de Rá
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Comentarios
O HOMEM DENSO
O Homem Denso, existe dentro de nós.
Ele também me acompanha há muitos anos
dentro de mim. Os meus medos, personi-
ficados no tal homem denso. Também o vejo,
de chapéu de largas abas, vestido de fato
cinzento, coçado, óculos de lentes grossas
cigarro pendurado num equilibrio de cinza -
mais cinza que cigarro. Ele vive, ainda,
dentro de mim, dos atávicos medos do passado
de um passado em que o medo existiu, porque
muitos homens densos, também existiram para
ficar em alguns de nós, para toda a vida,
agora, de presença bastante ténue e esbatida
Mas existem!
Gostei do teu texto.
Gostei do teu comentário de
Gostei do teu comentário de catártica partilha em prosaica e poética forma.
Feliz por gostares.
Se ao menos não houvessem certas razões para recear...
Se os caminhos por vezes percorridos não tivessem terrível tendência para se repetirem...
Haja força para a mudança... aquela a que nos dispusermos... nem todas as coisas, só algumas, ah,ah,ah...
Abraço
Ricardo
intimidante
em cada um de nós existe algo de intimiDante
- uma espécie de O médico e o monstro -
de tal que até em determinados momentos
chegamos a ter receio de nós próprios.
Um abraç0o desde as Caldas!
Abilio
Uma divina comédia,
Uma divina comédia, entreposta e ofuscada pelo medo...
a descida aos infernos, quando deixamos de ter coragem de viver com todas as limitações que a própria vida nos impõe.
Vão-se os sentidos e todas as outras emoções...
queda-se apenas uma: a do contágio que o homem denso faz vislumbrar - tombado pelo mundo de "redoma".
Feliz por gostares.
Um abraço
Ricardo
Meu querido, amigo, Ricardo,
Meu querido, amigo, Ricardo,
o Homem denso, deixa olhos nas esquinas imprecisas, escondendo sua própria sombra.
Um texto muito bem escrito, no qual me detive, como num filme a preto e branco, onde persistia, mudo, a um canto, o silêncio do que se ia adivinhando, nas palavras que me deste a ler. Parabéns!
Abraços meus
Jorge Humberto
Obrigado pela tua presença
Obrigado pela tua presença neste meu-teu "cantinho",
como carinhosamente gostas de chamar...
Honrado pelas tuas palavras.
Feliz pela partilha das palavras, na atenção dispensada e acima de tudo...
por teres apreciado.
Grande abraço
Ricardo
Densa é a argúcia
Densa é a argúcia deste teu belíssimo texto, Ricardo...
Um escrito perfurante como quem esculpe uma estátua que se tem na mente! Um avatar de alguém superior!
Um deleite como exercício de uma captação mental !
Bjo, amigo
Obrigado, amiga
Obrigado, amiga Odete.
Honrado pela tua presença e comentário.
Contente por gostares.
Um excelente 2012, pleno de conquistas... na harmoniosa mudança em devir ascendente.
Beijo.
Caro Ricardo Até eu me
Caro Ricardo
Até eu me senti intimidado por este retrato forte, vigoroso, mas
também pungente do que pode ser a densidade humana. Senti-me
muito confortável no papel de leitor enquanto o Ricardo me
apresentava uma figura algures entre a resiliência e a adivinhação.
Uma figura que mais do que observável é pressentida. Gostei imenso.
Muito obrigado.
Quantas vezes vemos nos olhos
Quantas vezes vemos nos olhos do outro (incógnito) um medo inexplicável? Quantas vezes nos sentimos amedrontados por olhares que desconhecemos?
Como se explica este medo, quando não temos razões para o sentir?
Sem actos ou comportamentos que o justifiquem, então, porquê?
A ilha a que nos subjugamos, sob influencia de um mundo cada vez mais assustador, a julgar pela informação veiculada pelos media.
Esse isolamento que nos tranca dentro das nossas próprias casas...
Parece-me que cada vez faz mais sentido pensar neste tema.
Um Abraço.