O meu rio
Deslizas agora fundo, angustiado
entre penhascos de rebordos esbranquiçados
marcas de ausência de chuvas
que te trazem esganado
num Outono que não descola do estio
Anda triste o rio
Já não ouço o teu meigo cantar
que me embala a lembrança
Mesmo à distância
no miradouro da cruz
vejo um abismo de beleza que é nosso
e nos segura em penhascos de esperança
Lágrimas vertidas em limos de tristeza
moem-nos a saudade
de um rio outrora altaneiro e atrevido
que cantava e galgava escarpas
num sábio cantar de amigo
Para onde levaram a tua força e alegria
que em abraços se fazia?
Anda triste o rio
Jamais cavarão o teu chão
porque em Lagoaça e em Miranda
és tu que cavas fundo, amigo
e largo te fazes imponente
Por mais que de tristeza queiras escrever
ainda te sonho valente
Irás ao rigor do Inverno
buscar força e subtileza
e a tua fragância de flor de laranjeira
subirá as arribas
em Lagoaça, meu ventre materno
E os olhos se espraiarão
entre o verde azeitona das oliveiras
e a suavidade luminosa das laranjeiras
Tenho vontade de correr à assomada
quando em maroma te fizeres
Do fundo do teu leito
continuará a romper
a força e a audácia de um rio D´ouro
e, para sempre em ti
luz e seiva de vida irá nasce
Submited by
Ministério da Poesia :
- Inicie sesión para enviar comentarios
- 655 reads
Add comment
other contents of Teresa Almeida
Tema | Título | Respuestas | Lecturas | Último envío | Idioma | |
---|---|---|---|---|---|---|
Fotos/Caras | ´Teresa de Almeida | 0 | 1.441 | 07/10/2011 - 16:59 | Portuguese | |
Poesia/Amor | Ditas-me poesia | 4 | 801 | 07/12/2011 - 22:36 | Portuguese | |
Poesia/Amor | O tempo e o amor | 6 | 787 | 07/13/2011 - 14:30 | Portuguese | |
Ministério da Poesia/Fantasía | O teu corpo é uma estrela, dizes tu | 0 | 799 | 07/19/2011 - 11:43 | Portuguese | |
Ministério da Poesia/Fantasía | O abraço nasceu | 0 | 824 | 07/30/2011 - 16:22 | Portuguese | |
Ministério da Poesia/Fantasía | O abraço nasceu | 0 | 932 | 07/30/2011 - 16:22 | Portuguese | |
Ministério da Poesia/General | SENTEI - ME À NOITE AO LUAR | 2 | 779 | 09/19/2011 - 15:59 | Portuguese | |
Ministério da Poesia/Dedicada | Outono | 0 | 590 | 09/23/2011 - 21:37 | Portuguese | |
Ministério da Poesia/Amor | Nem sempre acerto o meu ritmo | 7 | 737 | 09/26/2011 - 08:35 | Portuguese | |
Ministério da Poesia/Amor | Esse sorriso | 8 | 663 | 09/29/2011 - 08:44 | Portuguese | |
Ministério da Poesia/Amor | Olhar de veludo | 2 | 608 | 09/30/2011 - 08:58 | Portuguese | |
Poesia/Fantasía | Será que te lembras? | 1 | 535 | 10/06/2011 - 22:01 | Portuguese | |
Ministério da Poesia/Intervención | Agarra-te | 4 | 1.271 | 10/07/2011 - 08:37 | Portuguese | |
Ministério da Poesia/Fantasía | MUSICALIDADE | 1 | 973 | 10/10/2011 - 18:27 | Portuguese | |
Ministério da Poesia/Fantasía | Primavera | 7 | 931 | 10/24/2011 - 00:13 | Portuguese | |
Ministério da Poesia/Fantasía | Rasga-se a poesia | 3 | 1.150 | 10/31/2011 - 00:23 | Portuguese | |
Ministério da Poesia/General | A Mourisca | 1 | 837 | 11/12/2011 - 23:09 | Portuguese | |
Ministério da Poesia/General | SAUDADE | 8 | 769 | 11/15/2011 - 23:43 | Portuguese | |
Ministério da Poesia/Meditación | AS PALAVRAS PINTAM-SE NA TELA | 0 | 596 | 11/25/2011 - 09:41 | Portuguese | |
Ministério da Poesia/Amor | Por amor, voltei | 2 | 788 | 11/26/2011 - 19:57 | Portuguese | |
Ministério da Poesia/General | Santorini - Grécia | 2 | 678 | 11/27/2011 - 17:16 | Portuguese | |
Fotos/Otros | TANGO | 2 | 994 | 12/01/2011 - 09:28 | Portuguese | |
Fotos/Eventos | LANÇAMENTO DE LIVRO E EXPOSIÇÃO DE PINTURA DE TERESA ALMEIDA | 2 | 1.014 | 12/23/2011 - 23:46 | Portuguese | |
Fotos/Eventos | Ousadia - Pinceladas Poéticas | 2 | 795 | 12/23/2011 - 23:54 | Portuguese | |
Fotos/Eventos | Maria Teresa Almeida CONVIDA | 6 | 1.174 | 12/24/2011 - 00:16 | Portuguese |
Comentarios
As mudanças que se operam
As mudanças que se operam e a inerente nostalgia, aqui, um rio, noutro um monte (...). mas que almas sensíveis cantam em verso...
E que versos: quase um gemido, num abandono, nem sempre propositado; umas vezes a própria natureza, outras a mão do homem.
Poema imagético e personificado, conferindo emotividade.
O teu jeito de escrever, amiga Teresa!
Gostei muito deste ter rio!
Bjos
Pertenço ao Douro minha
Pertenço ao Douro minha querida amiga, cresci por ali. É a paisagem que os meus olhos guardam e se mistura nos meus sentimentos, com se fizesse parte da minha identidade.
Fico contente por ter conseguido, de algum modo, passar esta emoção.
Obrigada Odete.
Bjuzz
Rio de saudade e
Rio de saudade
e lágrimas,
rio felicidade,
de poucas páginas.
Mas que demonstra bem,
nas lembranças escritas,
o amor que a Teresa tem
pelas suas águas benditas.
LINDO
Gosto que leias o meu rio e
Gosto que leias o meu rio e me fales de lágrimas, saudades, felicidade e águas benditas.
Bem hajas amiga Nostalgia.
Beijinhos.
Muito belo..
Muito belo este teu poema ao rio Douro, minha querida Teresa. De longa história se faz o teu rio e o meu rio Tejo,
com esperança nos olhos, de os vermos correndo desde as suas nascentes, nossa alma ao alto o pendão.
Beijinhos
Jorge Humberto
Eu tenho o Douro, tu tens o
Eu tenho o Douro, tu tens o Tejo.
Sentimos que por ali há caudais inesgotáveis de poesia. E nós cantaremos...Beijinhos.
Teresa
Cantar o Douro é sempre um desafio poético, neste caso maravilhosamente ilustrado pelas mãos da poeta/pintora.
Beijinhos
Nanda
Pertenço ao Douro. Este
Pertenço ao Douro. Este desafio é uma paixão que a tua alma de poetisa captou.
Bem hajas querida amiga Nanda.
Beijinhos.