O meu rio
Deslizas agora fundo, angustiado
entre penhascos de rebordos esbranquiçados
marcas de ausência de chuvas
que te trazem esganado
num Outono que não descola do estio
Anda triste o rio
Já não ouço o teu meigo cantar
que me embala a lembrança
Mesmo à distância
no miradouro da cruz
vejo um abismo de beleza que é nosso
e nos segura em penhascos de esperança
Lágrimas vertidas em limos de tristeza
moem-nos a saudade
de um rio outrora altaneiro e atrevido
que cantava e galgava escarpas
num sábio cantar de amigo
Para onde levaram a tua força e alegria
que em abraços se fazia?
Anda triste o rio
Jamais cavarão o teu chão
porque em Lagoaça e em Miranda
és tu que cavas fundo, amigo
e largo te fazes imponente
Por mais que de tristeza queiras escrever
ainda te sonho valente
Irás ao rigor do Inverno
buscar força e subtileza
e a tua fragância de flor de laranjeira
subirá as arribas
em Lagoaça, meu ventre materno
E os olhos se espraiarão
entre o verde azeitona das oliveiras
e a suavidade luminosa das laranjeiras
Tenho vontade de correr à assomada
quando em maroma te fizeres
Do fundo do teu leito
continuará a romper
a força e a audácia de um rio D´ouro
e, para sempre em ti
luz e seiva de vida irá nasce
Submited by
Ministério da Poesia :
- Inicie sesión para enviar comentarios
- 660 reads
Add comment
other contents of Teresa Almeida
Tema | Título | Respuestas | Lecturas | Último envío | Idioma | |
---|---|---|---|---|---|---|
Fotos/Caras | ´Teresa de Almeida | 0 | 1.441 | 07/10/2011 - 16:59 | Portuguese | |
Fotos/personas y lugares | A ALGIBEIRA | 6 | 4.370 | 03/21/2012 - 16:09 | Portuguese | |
Poesia/Fantasía | A luz do teu poema | 14 | 2.174 | 01/01/2015 - 20:56 | Portuguese | |
Ministério da Poesia/General | A Mourisca | 1 | 837 | 11/12/2011 - 23:09 | Portuguese | |
Fotos/Ciudades | A Ponte Nova | 2 | 3.193 | 05/09/2012 - 18:49 | Portuguese | |
Fotos/Paisaje | ACORDA VERDE A POESIA | 4 | 2.025 | 02/22/2012 - 10:34 | Portuguese | |
Ministério da Poesia/Intervención | Agarra-te | 4 | 1.271 | 10/07/2011 - 08:37 | Portuguese | |
Fotos/Naturaleza | Alvíssaras | 0 | 2.661 | 04/10/2012 - 12:03 | Portuguese | |
Ministério da Poesia/Amor | Apanhados | 3 | 2.082 | 04/05/2012 - 22:03 | Portuguese | |
Ministério da Poesia/Meditación | AS PALAVRAS PINTAM-SE NA TELA | 0 | 596 | 11/25/2011 - 09:41 | Portuguese | |
Ministério da Poesia/Meditación | AS PALAVRAS PINTAM-SE NA TELA | 8 | 1.877 | 03/30/2012 - 00:09 | Portuguese | |
Fotos/Paisaje | Azul infinito | 2 | 2.107 | 06/02/2012 - 20:58 | Portuguese | |
Ministério da Poesia/Dedicada | BUÔNAS ANTRADAS | 2 | 600 | 01/03/2012 - 22:36 | Portuguese | |
Fotos/Otros | BUONAS FIESTAS | 0 | 783 | 12/25/2011 - 08:51 | Portuguese | |
Poesia/Desilusión | Desilusão | 4 | 1.570 | 05/10/2012 - 19:00 | Portuguese | |
Poesia/Amor | Ditas-me poesia | 4 | 801 | 07/12/2011 - 22:36 | Portuguese | |
Fotos/Naturaleza | EMOÇÃO | 4 | 2.578 | 03/07/2012 - 09:25 | Portuguese | |
Fotos/Personal | ENCONTRO DE NATUREZA | 2 | 2.208 | 08/28/2012 - 19:27 | Portuguese | |
Ministério da Poesia/Amor | Esse sorriso | 8 | 663 | 09/29/2011 - 08:44 | Portuguese | |
Fotos/Paisaje | há uma mágoa que guardo | 6 | 2.130 | 04/21/2013 - 19:57 | Portuguese | |
Fotos/Eventos | LANÇAMENTO DE LIVRO E EXPOSIÇÃO DE PINTURA DE TERESA ALMEIDA | 2 | 1.014 | 12/23/2011 - 23:46 | Portuguese | |
Fotos/Eventos | Maria Teresa Almeida CONVIDA | 6 | 1.174 | 12/24/2011 - 00:16 | Portuguese | |
Fotos/Paisaje | MOMENTO FUGAZ | 2 | 2.143 | 07/01/2012 - 22:00 | Portuguese | |
Fotos/Desnudos | MULHER | 6 | 2.250 | 03/11/2012 - 19:41 | Portuguese | |
Ministério da Poesia/Fantasía | MUSICALIDADE | 1 | 981 | 10/10/2011 - 18:27 | Portuguese |
Comentarios
As mudanças que se operam
As mudanças que se operam e a inerente nostalgia, aqui, um rio, noutro um monte (...). mas que almas sensíveis cantam em verso...
E que versos: quase um gemido, num abandono, nem sempre propositado; umas vezes a própria natureza, outras a mão do homem.
Poema imagético e personificado, conferindo emotividade.
O teu jeito de escrever, amiga Teresa!
Gostei muito deste ter rio!
Bjos
Pertenço ao Douro minha
Pertenço ao Douro minha querida amiga, cresci por ali. É a paisagem que os meus olhos guardam e se mistura nos meus sentimentos, com se fizesse parte da minha identidade.
Fico contente por ter conseguido, de algum modo, passar esta emoção.
Obrigada Odete.
Bjuzz
Rio de saudade e
Rio de saudade
e lágrimas,
rio felicidade,
de poucas páginas.
Mas que demonstra bem,
nas lembranças escritas,
o amor que a Teresa tem
pelas suas águas benditas.
LINDO
Gosto que leias o meu rio e
Gosto que leias o meu rio e me fales de lágrimas, saudades, felicidade e águas benditas.
Bem hajas amiga Nostalgia.
Beijinhos.
Muito belo..
Muito belo este teu poema ao rio Douro, minha querida Teresa. De longa história se faz o teu rio e o meu rio Tejo,
com esperança nos olhos, de os vermos correndo desde as suas nascentes, nossa alma ao alto o pendão.
Beijinhos
Jorge Humberto
Eu tenho o Douro, tu tens o
Eu tenho o Douro, tu tens o Tejo.
Sentimos que por ali há caudais inesgotáveis de poesia. E nós cantaremos...Beijinhos.
Teresa
Cantar o Douro é sempre um desafio poético, neste caso maravilhosamente ilustrado pelas mãos da poeta/pintora.
Beijinhos
Nanda
Pertenço ao Douro. Este
Pertenço ao Douro. Este desafio é uma paixão que a tua alma de poetisa captou.
Bem hajas querida amiga Nanda.
Beijinhos.