TANTA MERDA E NADA...

Escrever não é mais
do que pintar um retrato abstracto.
Uma caricatura do que de facto se sente
em cor encadernada aos enigmas do e se.

É a ponta espigada de uma corda que ostenta
no oposto uma âncora fundeada em nenhures.

As palavras são dedos que apontam.
As vírgulas pensam… O ponto final não tem final.
As entrelinhas são tsunamis a engolir as ondas do contexto.

Metáforas são bandas desenhadas
cuja trama inanimada se anima
quadrado após quadrado.

Escrever é levantar o véu de nós até ao fundo da alma.

Sem espinhas, sem nós sozinhos.
Como que pauzinhos de pó mágico
fizessem espirrar as partículas do tempo.

Difícil fácil. Impossível possível.
Conhecido estranho. Tanta merda e nada!

Estupidez que não é estúpida.
Desabafo como chuva daquela chuva que molha.

Moradas móveis… Faces tantas.
Escrever é isso, escrever o pensar.

Dizer os outros, falar o eu.
Artes clássicas contemporâneas.
Teia de têmporas extemporâneas.
Catapulta profética a armadilhar o ar.

Os comboios das palavras são pontes entre pontes.
Sentidos entre sentidos.

 

 

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Lunes, Febrero 6, 2012 - 23:11

Poesia :

Su voto: Nada (4 votos)

Henrique

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Comentarios

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Um estilo

Um estilo próprio, umua (quase) ironia este teu poema...smiley

Mas se não escrevessemos e não (nos) lessemos, se não recriassemos sentidos, se... (etc),

como faríamos para estar numa partilha tão encantadora, como é esta de nos darmos a conhecer sem estar num tête-à-tête??? Me explica, amigo Henrique!

Muito bom, pronto!

Bjolaugh

Imagen de Henrique

Obrigado

De facto, sem comunicar não havia cominicação!!!

 

O tête-à-tête já é a vida e o tempo em que somos vizinhos!!!

 

Bj :-)

Imagen de Rui Lima

puxxxxxxxxxxxaaaaaaaaaaaa

puxxxxxxxxxxxaaaaaaaaaaaa «merda» boa esta aqui

 

rsrsrsrsrsrsrsrsrsrsrs

 

Gostei muito do poema.

 

Profundo, apesar que directo.

 

Sincero e acima de tudo honesto.

 

Um Abraço,

Rui Lima

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