A última Lágrima
Toda a dor que vive em mim, resiste ao seu exorcismo. Por dentro, sinto-me sufocar. Não consigo evitar que a vida me espanque desta vez. Viro a minha cara à dor, o que importa, se a esperança morre afogada com as lágrimas que caem pela minha face?
Eu, não sou mais o eu. Baixo a minha cabeça à altivez da vida. Estou presa neste espaço vazio onde só eu tenho o poder de me magoar. Acho-me capaz de sentir e de amar. Rejeito esses pensamentos, sou estéril de novo.
Os gestos expressivos de raiva não funcionam nesta batalha interior. A dor, o cansaço que me farta, que me agonia, são inevitáveis. Ou não?
Deveria ser fácil esquecer e poder apagar os meus passos na areia preguiçosa.
Sentei-me à beira do mar, expirando o ar com cheiro a maresia e quase, quase, por meros e escassos segundos senti-me livre como uma pequena gaivota. Senti-me viva. Virei as costas e fechei esta porta, guardei, de olhos olhos fechados a chave que me separa do mundo, no meu bolso esquerdo. Os dedos, eles teimaram em me queimar a pele, neste gesto angustiante.
Escorreguei pela parede, chorei e chorei. O silêncio afasta-me do mundo, de ti, do que julgo magoar-me. Já nada sei e de todos desconfio. É maisl fácil esconder-me no escuro, dentro da minha concha. Aqui, sim! Aqui, ninguém usa máscaras, ninguém mente, usa, bate e explora os inocentes de coração.
É um acto de egoísmo puro, mas necessário. Estou cansada de não ser egoísta. Não me sinto capaz de enfrentar tanta dor que fui guardando num cantinho da minha alma. Sou egoísta, desta vez e sinto-me culpada. Perdida. Sou vazia, por vezes, quando a frieza é tudo o que preciso. Estou cansadíssima de lutar por mim, por ti, por uma família inexistente aos meus olhos, contra as mentiras, as intrigas.Estou cansada do mundo onde nunca sabemos com quem estamos a lidar. Não me quero mostrar à queles que não o merecem.
Aparentemente o meu faro, antigamente exiguiamente perceptível, enganou-se e uma vez mais, encontro-me perdida na dor. Durante este tempo de reflexão, da procura pela luz, irei guardar as minhas forças. E amanhã, será um dia luminoso, onde a dor já não mais me matará.
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Comentarios
Amável Humberto,
Por vezes sonho de olhos abertos com dias esplendorosos, em que os meus desejos seriam vontades cumpridas e mais, seriam entendidos. Sem necessidade de mais palavras, sonho com alguém que me leia o olhar...
Sempre, sempre haverá parte de mim que acreditará num melhor amanhã, mesmo que o hoje tenha doído, me marcado no mais profundo do meu ser. Nas partes recônditas da minha alma, existe uma menina que se assume uma alma viajante pelo tempo intemporal, à procura... de algo.
Obrigada, pelas tuas palavras,
aquecem-me o coração :)
Beijinho, Joana.
Minha querida, Joana,
Minha querida, Joana,
é preciso uma lealdade tremenda, e até um egoísmo, que ás vezes se faz necessário, para não nos afogarmos na indiferença deste mundo, tão globalizado e estéril, de punhais em riste, nos olhares transmutados pelas esquinas, cheias de verdete. E é preciso para chorares, para que não te culpes, ante os espelhos obtusos. Estranho é o mundo para pessoas sensiveis como tu, Mas a cada reflexão tua, o que mais me comove, é que sempre um amanhã luminoso e radiante esperas e acreditas, com todas as tuas forças, depois de te exorcitares. Muito belas as tuas prosas.
Beijinhos meu anjo
Jorge Humberto