Uma certa e razoável sujidade do amor
No encanto das coisas há implicito uma certa sujidade, uma certa sujidade da vida, uma certa e rázoavel sujidade do amor. O encanto das coisas é elas não estarem submetidas a pactos. Há no trabalho da reprodução da natureza uma sujidade legitima. O encanto das coisas é elas terem um misto de podre e de fresco. O encanto dos homens e das ruas, o encanto dos olhos e o encanto do coração é haver uma certa sujidade dos costumes. A imoralidade das palavras, a navegação dos dias, a ausência do tempo na suja ocupação da inutilidade dos poetas. A inutilidade de tudo é o sentido para não se invadir, para não se violar a tranquilidade dos pássaros e das árvores e das nuvens que passam no céu e que passam na admiração dos peixes e que estão no despertar e no adormecer. O encanto das coisas é elas terem a morte. A morte é a vida a sujar-se e o nosso renascer é um grito sujo, tão sujo como um rufar de tambores, tão sujo como uma paixão selvagem, um modo sujo de andar de crescer. O encanto das coisas não é elas terem fogo ou elas terem água. Não é o encanto das coisas haver solidão nas casas e cinza nos borralhos para santificar a agilidade dos gatos. O encanto das coisas é a contradição entre as mãos e os pensamentos. Na cinza do borralho a agilidade dos pensamentos. O encanto sujo das coisas é elas perderem o sentido de rumo absoluto. O sujo encanto das coisas é haver quem derrube muros, quem derrube leis. O encanto das coisas é a profunda liberdade dos seres, sujar é o modo limpo de perder o medo de se tocar a natureza. lobo 05
Submited by
Poesia :
- Inicie sesión para enviar comentarios
- 2043 reads
Add comment
other contents of lobo
Tema | Título | Respuestas | Lecturas |
Último envío![]() |
Idioma | |
---|---|---|---|---|---|---|
Poesia/Aforismo | Toca a minha mão | 4 | 1.313 | 10/11/2009 - 01:21 | Portuguese | |
Prosas/Ficção Cientifica | Vou para a rua... | 1 | 2.423 | 10/09/2009 - 12:12 | Portuguese | |
Poesia/Amor | perdidos no fumo | 2 | 2.114 | 10/08/2009 - 16:32 | Portuguese | |
Prosas/Otros | O cheiro do mar | 0 | 1.884 | 10/03/2009 - 18:35 | Portuguese | |
Prosas/Pensamientos | reflexão | 0 | 1.568 | 10/02/2009 - 16:06 | Portuguese | |
Prosas/Pensamientos | Ter r pãojoia e não te | 1 | 2.265 | 09/30/2009 - 16:24 | Portuguese | |
Poesia/Tristeza | Quando a loucura | 3 | 1.701 | 09/26/2009 - 22:32 | Portuguese | |
Poesia/Aforismo | ... | 1 | 1.884 | 09/24/2009 - 22:44 | Portuguese | |
Poesia/Aforismo | Se a lua em correria | 2 | 1.436 | 09/24/2009 - 00:18 | Portuguese | |
Poesia/Canción | Em contra mão | 1 | 1.690 | 09/24/2009 - 00:06 | Portuguese | |
Poesia/Canción | sabor do ceu entra nos olhos como uma melodia | 1 | 2.277 | 09/22/2009 - 14:48 | Portuguese | |
Prosas/Ficção Cientifica | A igreja catolica é uma mentira | 1 | 2.437 | 09/20/2009 - 15:04 | Portuguese | |
Prosas/Ficção Cientifica | Esfrega os olhos | 2 | 2.275 | 09/20/2009 - 05:52 | Portuguese | |
Prosas/Pensamientos | O descalcular da vida | 0 | 3.643 | 09/18/2009 - 19:24 | Portuguese | |
Poesia/Aforismo | ... | 4 | 2.071 | 09/17/2009 - 17:48 | Portuguese | |
Poesia/Desilusión | A lua cortada no meio dos rostos | 4 | 2.257 | 09/17/2009 - 11:09 | Portuguese | |
Poesia/Intervención | Trouxe a rua aos teus olhos | 3 | 1.783 | 09/10/2009 - 01:14 | Portuguese | |
Poesia/Aforismo | O tempo antigo do amor | 3 | 1.364 | 09/03/2009 - 22:20 | Portuguese | |
Poesia/Aforismo | O ultimo olhar | 7 | 1.257 | 09/02/2009 - 17:45 | Portuguese | |
Poesia/Aforismo | Sozinhos com a noite | 3 | 1.015 | 09/02/2009 - 07:17 | Portuguese | |
Poesia/Aforismo | A morte no meu cigarro | 3 | 1.726 | 09/01/2009 - 21:48 | Portuguese | |
Prosas/Ficção Cientifica | O teu corpo nos meus olhos | 0 | 2.464 | 08/30/2009 - 21:47 | Portuguese | |
Poesia/General | fim | 5 | 3.983 | 08/30/2009 - 13:40 | Portuguese | |
Prosas/Otros | Pássaros nas paredes do quarto | 2 | 1.689 | 08/28/2009 - 21:02 | Portuguese | |
Prosas/Contos | A borboleta preta | 1 | 1.245 | 08/23/2009 - 14:43 | Portuguese |
Comentarios
Re: Uma certa e razoável sujidade do amor
O encanto das coisas é a profunda liberdade dos seres, sujar é o modo limpo de perder o medo de se tocar a natureza.
Sem réstia de dúvida!!!
Re: Uma certa e razoável sujidade do amor
Gostei.
Na verdade "O encanto das coisas é elas terem um misto de podre e de fresco. ...
O encanto das coisas é elas não estarem submetidas a pactos."
Talvez seja esse o encanto da tua escrita.
Abraço