VELHAS VIDAS
VELHAS VIDAS
Os bancos do jardim estão tristes e vazios,
Parecem um lugar onde moram os frios,
Não há corações cansados de bater,
Os bancos do jardim estão a morrer.
Onde estão as pernas já velhas e cansadas
Que, nos bancos do jardim ficam encostadas?
É Inverno e os bancos estão tristes e vazios,
O jardim até parece um terreno de baldios.
Até os pardais já não têm migalhas caídas,
O frio afastou do jardim as tantas velhas vidas.
A terra está molhada da chuva que caiu,
E o Sol com medo do frio já se despediu.
O jardim convida e deixa cartões de visita,
Aos corações cansados que o frio evita,
Que, as pernas e bengalas nele descansem,
E nos seus bancos arrefecidos se sentem.
O Sol chegou e as flores do jardim já acenam,
Espevitadas pela brisa e parecem que chamam,
As velhas pernas e as mãos enrugadas,
Para aquecerem o jardim a que estão ligadas.
O jardim está alegre e já tem olhos para ver,
As vidas cansadas enchem os bancos para ler,
As histórias antigas que eram lidas em voz alta,
Pois nestes momentos já ninguém sente a sua falta.
2007-Estêvão
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