Um curandeiro chamado Tempo

Era uma vez, uma jovem e bonita princesa, que todo o santo dia, fizesse chuva, sol, vento, calor, frio, neve ou gelo, ela estava sempre lá, no cemitério, sentada no mesmo banco de jardim que ficava mesmo em frente à campa do seu falecido amor, chorando, chorando, lamentando…! Essa princesa tinha um nome que se apropriava à maneira de ser dela. Chamava-se Tristeza. Tristeza teve sempre uma vida desafortunada! Era uma pessoa realmente triste devido às linhas tortuosas que o seu destino lhe traçou. O último grande golpe que o destino cravou no seu já cansado e ensanguentado coração, foi a perda do seu sapo que se transformou em príncipe ao tentar salvá-la do inferno das masmorras. Essa última grande perda na sua vida, transformou-a numa rã que mergulhou bem fundo no charco da depressão.
No entanto, o charco estava seco de vida, então, a princesa que se transformou em rã, viu-se foçada a sair daquele lamaçal, porque não tinha comida para poder sobreviver.
Quando saiu do charco, a rã virou princesa novamente. Continuava triste, pois sentia-se erradamente culpada pela morte do seu príncipe encantado. Tristeza estava muito magra. Já comia, mas muito pouco, estava pálida, mal sorria…então o Tempo que passava todos os dias pela princesa e a via sempre a chorar, tão magra e tão pálida, resolveu finalmente atuar.
Tempo era muito reservado e recatado, tentava passar sempre despercebido a toda a gente apesar de ser bonito e apresentar-se bem. Ele era um Mago. Tinha poderes especiais, podia transformar-se em tudo que quisesse. Então, transformou-se num rapagão, muito musculado, vestido de guerreiro, aproximou-se da princesa, sentou-se energicamente ao seu lado com um grande sorriso que transmitia alegria, vitalidade e confiança e perguntou virilmente:
“ Rapariga bonita, porque estás a chorar?!”
“ Estou a chorar porque sinto falta do meu guerreiro! Perdi-o numa batalha! Morreu para me salvar, é por isso que eu não consigo com a sua perda me conformar!”
“ Se me deres tempo, com um simples sopro, numa rajada de vento, arrasto de vez do teu coração tamanho sofrimento!”
“ Oh, nobre cavaleiro, tua bravura faz-me lembrar o meu amor, ainda me pões mais agastada! Faz depressa o que entendes fazer, tenho o coração a arder, já estou por demais cansada!”
Subitamente, a princesa assustou-se porque ele desapareceu tão rápido quanto apareceu.
“ Que personagem tão misteriosa, será ele um Mago?!” perguntou a si própria a princesa, que ficou muito intrigada.
Tempo nesse momento transformou-se em vento, entrou pelas narinas da princesa e percorreu um longo caminho até chegar ao coração da Tristeza, onde estava a sua eterna rival, a Dor. Dor era um dragão fêmea que se alimentava do coração das pessoas que tinham problemas, flamejava pela boca enquanto que pedacinho a pedacinho ia comendo os seus corações. Ao ver que uma vez mais o Tempo estava a querer ocupar-lhe o lugar, iniciou uma luta feroz com ele, e mais uma vez, graças às suas magias poderosas, a Dor foi derrotada. Quando morreu, transformou-se em cinzas, sendo consumida pelo seu próprio fogo. Com essas cinzas, Tempo fez o que tinha dito à princesa. Arrastou-as para sete reinos de distância dali, enterrou-a a sete palmos de profundidade, e no segundo seguinte estava de novo ao lado da princesa. Surpreendida, ela assustou-se e saltou. Primeiro saltou de susto e depois de alegria, com um enorme sorriso de orelha a orelha.
“ Rapariga bonita, qual a razão desse teu sorriso tão repentino?!”
“ É graças a Deus e a ti que eu hoje usufruo deste sorriso! Muito obrigado, já não arde o meu coração! Ai, como estás ferido! Pelos vistos, lutar pela tua própria vida foi preciso!”
Subitamente, Tempo transformou-se em chuva e num gesto simbólico baptizou a princesa como princesa Alegria.
“ A partir de hoje, chamas-te Alegria!” disse-lhe sorrindo. Também sorrindo a princesa perguntou-lhe:
“ Diz-me então agora, falso cavaleiro, qual é o teu nome verdadeiro? E o que és tu realmente, um anjo ou um feiticeiro?!”
Ele sorriu para a princesa e disse:
“ O meu nome verdadeiro é Tempo, e das almas eu sou o curandeiro.”
E desapareceu para sempre. Alegria nunca mais o viu e do coração dessa bonita princesa, nunca mais correu nem o mais pequeno fio de tristeza.»

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Jueves, Octubre 18, 2012 - 12:19

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Jose Vidas

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Um curandeiro chamado tempo

Só o tempo mesmo é capaz de curar todas as feridas. Bonita fábula!
Abraços

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