SONHEI
SONHEI
Nas asas do tempo eu voava um certo dia,
Metido num sonho que voava e corria,
Parecia que não era eu e noutro eu me conheci,
Voava de espaço em espaço sem espaço para voar,
Interrogava – me se era eu ou outro eu no meu lugar,
Até que finalmente toco em mim e me reconheci.
Sendo eu o que era, nada do que sou é quimera,
Um fantasma com certeza eu não era,
Levava comigo os meus olhos, para ver os olhos do tempo,
E continuava a voar nas suas asas, levando um motivo,
Com toda a minha certeza queria ver o futuro vivo,
Este era todavia, o meu mais forte intento.
As asas do tempo eram enormes e eu me sentia seguro,
O que eu mais queria era que o tempo me desse a conhecer o futuro,
A minha vontade era imensa e voava com este desejo imenso,
De saber o que estava para além do tempo que tinha,
Para me poder prevenir e contar para onde ele caminha,
Mas, em vão, o tempo voava comigo, nada dizia do que eu penso.
O meu sonho continuava até que o tempo me mostrou a sua cara,
Vi os olhos do tempo, fiquei pasmado, quando vi o que me mostrara,
Finalmente conheci o futuro, olhou para mim e chorou,
Fiquei triste e assustado, pensando no que vi no seu olhar,
O que queria o tempo dizer, no seu modo de falar?
Pois ele talvez quisesse dizer nos seus olhos que o futuro acabou.
Não resisti, perguntei ao tempo se era verdade o que eu pensava,
Mas o tempo não me respondeu e fiquei sem saber nada,
E assim continuei a voar no meu sonho e no tempo do seu saber,
No meu sonho eu entendi, que o tempo me deu a ignorância,
De desconhecer o futuro e dizer – me que não tenho importância,
E no futuro do tempo vou continuar a desconhecer.
Certamente, a interpretação do meu sonho é um engano,
O futuro nunca acaba, nós sim, pensar ao contrário é profano,
Pois ninguém conhece o tempo para além da sua idade,
Ainda bem que assim é, viver no desconhecido não se pensa,
O que nos vai acontecer nos anos que a vida nos despensa,
Para meter na nossa vida algum tempo de felicidade.
Do meu sonho eu acordo e fiquei a pensar no que sonhei,
Penso que foi um aviso que no seu dizer encontrei,
Que pensamos que mandamos no tempo, mas tem outro sentido,
O tempo não é o que julgamos, ele fica e nós passamos,
Para o outro lado do nada de onde já não regressamos,
Devemos dar vida aos anos e não anos à vida, sem tempo perdido.
2008-Estêvão
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