DEPOIS DE MORTO

Depois de morto

 

 

Depois de morto eu não vou viajar,

Não quero um fato novo, dá - lo a quem precisar,

Quero ir todo nu para a terra de ninguém,

Foi assim que eu nasci do ventre da minha mãe.

 

Não quero ir de barba feita nem de corpo lavado,

Quero ir tal como morri, não vou cantar o fado,

Nas festas da terra suja que me há – de comer,

Com a ajuda do meu corpo que vai apodrecer.

 

Não quero ninguém na minha despedida,

Deixem – me ir sozinho, para a terra perdida,

Ela espera por mim assim que o meu tempo acabou,

De corpo passo a nada, foi assim que começou.

 

Não quero velório, nem velas, eu muito agradeço,

Não percam tempo nem lágrimas, por favor eu lhes peço,

Deixem -  me só,  levem  - me para o meu destino,

Para a companhia do nada, onde fica o meu cantinho.

 

Não quero cerimónias para o meu corpo que morreu,

Já não vale nada, valor já teve quando a vida aconteceu,

Podem metê – lo no fogo e as cinzas na terra fria,

Pode ser que nasça uma planta, para lembrar que existia.

 

Este é o meu testamento, é o meu último desejo

Nada mais quero, façam o meu despejo,

Da casa onde vivi, onde deixei recordações,

Muitos momentos de vida e as minhas emoções,

 

 

 

 

Tavira, 17 de Fevereiro de 2009 – Estêvão

 

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Miércoles, Diciembre 5, 2012 - 10:15

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José Custódio Estêvão

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