VIDA DE CÃO
Vida de cão
Olha aquele cão, vai ganindo, coitado,
Apenas roubou um osso, e por isso foi açoitado,
É um pobre cão, ele não sabe o que faz,
Deixem – no levar o osso para o roer em paz,
O osso até não tem carne, não tem nada,
Não merecia levar tão grande paulada.
Eu sei, ele é apenas um cão simples e vadio,
Não tem dono, vive das migalhas dentro do seu vazio.
Mas ele é um cão como os outros, tem coração,
E mesmo assim, de ninguém ele merece atenção,
Se fosso um cão de luxo ele até andava vestido,
Assim, como é um pobre cão anda comendo no lixo,
Ninguém olha para ele a não ser com repugnância,
É apenas um cão vadio, não tem qualquer importância,
Todos o enxotam, todos não o querem por perto,
Porque vive roubando, mas viver assim, não está certo.
Este cão vadio, vive na rua, à chuva, ao frio e ao vento,
Nunca será um cão gordo, pois ele não tem alimento,
É um cão de olhos tristes, vivendo olhando para o chão,
E ninguém se importa com a sua situação,
Até os seus semelhantes ladram para lhe morder o rabo,
E ele foge com medo, não tem forças e fica posto de lado,
Olhando para o infinito, a pensar num osso delicioso,
Levanta – se e vai andando devagar não presunçoso.
Atravessa caminhos, ruas, vielas e estradas sem destino,
Que foi abandonado logo desde de muito pequenino,
Sempre à espera de comer o que os outros jogam fora,
E depois de o fazer, torna a andar e vai – se embora,
É um cão cigano, que vive no tempo, assim vai vivendo,
Levando pauladas daqui e dali e aos poucos ele vai morrendo,
Não tem dono, nem pátria, vivendo sempre assustado,
Coitado dum cão assim, viverá sempre magoado.
Ninguém o chama, ninguém lhe faz uma carícia,
Ele é um cão sujo mas tem vida, também tem malícia,
Tal como os seus semelhantes, apenas tem pouca sorte,
Mas pertence à Natureza onde todos têm direito à morte,
Mas enquanto não a merecer ele vive uma vida de cão,
Que não tem eira, nem beira e ninguém lhe estende a mão,
Ele é um cão vadio, está condenado a viver assim,
Aos empurrões, às pauladas, até que chegue o seu fim.
Tavira, 17 de Setembro de 2009 - Estêvão
Submited by
Poesia :
- Inicie sesión para enviar comentarios
- 490 reads
other contents of José Custódio Estêvão
Tema | Título | Respuestas | Lecturas | Último envío | Idioma | |
---|---|---|---|---|---|---|
Poesia/Erótico | LINDAS PERNAS | 0 | 3.693 | 04/20/2016 - 09:40 | Portuguese | |
Prosas/Pensamientos | REFLEXÃO | 0 | 393 | 04/13/2016 - 11:42 | Portuguese | |
Poesia/Meditación | O VENTO BATE À JANELA | 0 | 1.769 | 04/13/2016 - 11:27 | Portuguese | |
Prosas/Pensamientos | A VIDA | 0 | 481 | 04/06/2016 - 10:12 | Portuguese | |
Poesia/Dedicada | AR É VIDA | 0 | 688 | 04/06/2016 - 09:56 | Portuguese | |
Poesia/Meditación | NADA ME PERTENCE | 2 | 1.098 | 03/31/2016 - 10:22 | Portuguese | |
Prosas/Pensamientos | AURÉOLA | 0 | 1.791 | 03/30/2016 - 10:59 | Portuguese | |
Prosas/Pensamientos | UM TROVÃO | 0 | 1.220 | 03/23/2016 - 11:09 | Portuguese | |
Poesia/Meditación | SE NÃO SE PLANTAR | 0 | 1.059 | 03/23/2016 - 10:55 | Portuguese | |
Poesia/Dedicada | O GOSTO DE APRENDER E ENSINAR | 2 | 2.599 | 03/18/2016 - 11:32 | Portuguese | |
Prosas/Pensamientos | A TERRA | 0 | 1.728 | 03/16/2016 - 11:51 | Portuguese | |
Prosas/Otros | ATÉ O MAR | 0 | 825 | 03/09/2016 - 12:33 | Portuguese | |
Poesia/Intervención | A DESGRAÇA DE UMA NAÇÃO | 0 | 1.903 | 03/09/2016 - 12:28 | Portuguese | |
Poesia/Dedicada | A MÚSICA | 2 | 1.117 | 03/06/2016 - 13:06 | Portuguese | |
Poesia/Meditación | ERRAR É HUMANO | 2 | 658 | 03/06/2016 - 13:03 | Portuguese | |
Prosas/Pensamientos | HUMANOS | 0 | 419 | 03/02/2016 - 11:27 | Portuguese | |
Poesia/Dedicada | QUEM RIU DE MIM | 0 | 818 | 02/24/2016 - 11:23 | Portuguese | |
Poesia/Meditación | NUVENS PRETAS | 0 | 786 | 02/17/2016 - 11:23 | Portuguese | |
Poesia/Amistad | DORA | 0 | 935 | 02/10/2016 - 15:51 | Portuguese | |
Poesia/Meditación | POR FORA E POR DENTRO | 0 | 1.319 | 01/27/2016 - 12:48 | Portuguese | |
Poesia/Intervención | QUEM TEM UNHAS | 0 | 661 | 01/20/2016 - 11:09 | Portuguese | |
Poesia/Amor | É UM SOFRER SEM QUERER | 0 | 1.196 | 01/13/2016 - 11:13 | Portuguese | |
Poesia/Meditación | VENCEDORES E VENCIDOS | 0 | 1.274 | 01/06/2016 - 15:59 | Portuguese | |
Poesia/Meditación | A CAÇA E O CAÇADOR | 0 | 4.223 | 12/30/2015 - 10:58 | Portuguese | |
Poesia/Meditación | SORTE | 0 | 1.148 | 12/23/2015 - 15:55 | Portuguese |
Add comment