FOME

Fome

 

 

Alimentas-te de nada e cresces não comendo,

Quanto menos comes mais vais fortalecendo,

O teu ser de coisa nenhuma, vives sem ninguém te ver,

Só ficas satisfeita quando fazes morrer.

 

Vives da tristeza matando a alegria de boca fechada,

Não tens dentes e de nada comeres ficas inchada,

Mordes em silêncio e bebes lágrimas como água,

Fazes da vida a morte e nunca sentes mágoa.

 

És monstruosa, maldita e atinges os mais fracos,

Com a tua avidez do nada os fazes em cacos,

Deixas os atingidos por ti de olhos abertos,

Até que te deixam de ver e pela terra são cobertos.

 

Quanto menos comes mais força tu aplicas,

Matas como as cobras com as tuas garras malditas,

Só o vento e a chuva te podem fazer frente,

Fazendo crescer na terra a força de alguma semente.

 

Comes de boca fechada, fechando a boca da vida

Só ficas satisfeita quando a sentes perdida,

És inimiga dos que nada têm e foges da fartura,

Deixando em tantas vidas os teus sinais da amargura.

 

Não consomes e vives consumindo tantos inocentes,

Vais mirrando as suas vidas com a força de serpentes,

Vai-te embora maldita deixa a vida crescer,

Deixa a Natureza criar para dar de comer.

 

Eu também te conheço de há muito tempo passado,

Ameaçaste-me morte, passando um mau bocado,

Eu fui resistindo, consegui sair dos teus abraços,

Enchendo a minha boca de pão duro aos pedaços.

 

Eu sei como te chamas, o teu nome é muito pequeno,

Escreve-se com quatro letras, nada mais, nada menos,

O teu nome é fome és medonha e indesejada,

Deixa este mundo para sempre deixa a vida descansada.

 

 

 

Tavira, 26 de Julho de 2011-Estêvão

Submited by

Viernes, Agosto 2, 2013 - 08:34

Poesia :

Sin votos aún

José Custódio Estêvão

Imagen de José Custódio Estêvão
Desconectado
Título: Membro
Last seen: Hace 2 años 26 semanas
Integró: 03/14/2012
Posts:
Points: 7749

Add comment

Inicie sesión para enviar comentarios

other contents of José Custódio Estêvão

Tema Título Respuestas Lecturas Último envíoordenar por icono Idioma
Poesia/Fantasía DA MINHA JANELA 0 2.199 02/05/2014 - 15:14 Portuguese
Poesia/Meditación FLORES À VIDA! 0 1.494 01/29/2014 - 16:24 Portuguese
Poesia/Meditación DAR 0 3.100 01/23/2014 - 10:30 Portuguese
Poesia/Meditación AS QUEDAS QUE EU DEI 0 1.064 01/14/2014 - 10:35 Portuguese
Poesia/Meditación E ASSIM VOU PENSANDO 0 2.096 01/08/2014 - 11:43 Portuguese
Poesia/Meditación AS VOLTAS DA VIDA 0 2.318 01/03/2014 - 16:57 Portuguese
Poesia/Meditación O MEU PAI SOL 0 1.972 12/31/2013 - 18:51 Portuguese
Poesia/Fantasía PRIMAVERA TODO O ANO 0 1.586 12/28/2013 - 11:42 Portuguese
Poesia/Amor O MEU POR-DO-SOL 0 2.283 12/24/2013 - 11:42 Portuguese
Poesia/Meditación PORQUE SERÁ? 0 1.157 12/21/2013 - 12:02 Portuguese
Poesia/Meditación O SABER E O AMOR 0 1.946 12/18/2013 - 19:12 Portuguese
Poesia/Meditación VENHO DE TÃO LONGE 0 1.133 12/13/2013 - 18:31 Portuguese
Poesia/Amor O ENCANTO DA LUA 0 3.116 12/13/2013 - 18:20 Portuguese
Poesia/Meditación SEDE 0 2.435 12/10/2013 - 10:31 Portuguese
Poesia/Amor VIVER AMANDO 0 1.376 12/06/2013 - 14:49 Portuguese
Poesia/Amor PARABÉNS 0 1.774 12/04/2013 - 11:47 Portuguese
Poesia/Meditación DEIXEM-ME PENSAR 0 1.183 11/30/2013 - 23:09 Portuguese
Poesia/Meditación AS MINHAS PERNAS 0 1.835 11/29/2013 - 11:46 Portuguese
Poesia/Meditación INSULTO 0 2.074 11/26/2013 - 11:31 Portuguese
Poesia/Meditación O PRAZO DA VIDA 0 1.549 11/23/2013 - 13:35 Portuguese
Poesia/Meditación SOLIDÃO 0 2.021 11/21/2013 - 16:41 Portuguese
Poesia/Tristeza FILHOS DE NINGUÉM 2 2.335 11/18/2013 - 16:48 Portuguese
Poesia/Desilusión INTERESSE 0 1.394 11/16/2013 - 16:48 Portuguese
Poesia/Meditación CINZAS 1 3.374 11/15/2013 - 09:59 Portuguese
Poesia/Meditación CINZAS 1 1.176 11/14/2013 - 16:10 Portuguese