NÃO PISES A MINHA SOMBRA

Não pises a minha sombra

 

 

Vais pisando a sombra que faço,

Quando ando ao Sol no meu espaço,

Não sei se é por prazer ou perseguição,

Podes pisar a minha sombra, o corpo não,

Não deixo que pisem a minha dignidade,

Mas sai da minha sombra, deixa-me em liberdade.

 

Enquanto a minha sombra vais pisando,

Não estou parado, vou andando,

No caminho que é meu, conquistei,

E a sombra de ninguém nunca pisei,

Não preciso de o fazer, é indigno,

Só quero o que é meu e a de outros não piso.

 

Pisar a sombra de alguém e não a nossa,

É não ter mérito e a mente não adoça,

Afasta-te, faz o teu próprio assombramento,

Escolhe o teu caminho ao Sol e ao vento,

Que o vento não a leva se não te levar,

E assim, com dignidade podes passar.

 

A sombra pertence a cada corpo,

E ela não aparece depois de morto,

Faz a tua vida, não pises a sombra de ninguém,

Se não queres ter o meu desdém,

Vai, segue o teu caminho faz a tua sombra,

Não pises a sombra de ninguém, assombra.

 

A sombra, é apenas sombra, tem dono,

Mas há sombras que ficam ao abandono,

Por terem sido pisados sem direito,

Não têm dignidade nem preceito,

Por isso deixa de pisar a minha sombra,

Ela é de gente, não é apenas penumbra.

 

Faz a tua sombra, leva-a ao Sol para continuar.

A que eu faço é minha, não precisas de a pisar,

É mais fácil seguir na sombra de quem a tem,

Mas assim, não tens caminho, não és ninguém,

Viver à sombra dos outros, andas escondido,

Anda na tua, fala e assim serás ouvido.

 

 

 

Tavira, 16 de Setembro de 2011-Estêvão

 

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Viernes, Agosto 23, 2013 - 08:30

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José Custódio Estêvão

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