O terrível guri Alexandre
Quando alguém passa em frente à casa branca da Rua do Sossego, ninguém diz que esta é a casa do seu João ou da dona Cíntia. Diz-se apenas que é a casa do terrível guri Alexandre, segundo dos três filhos do casal. Os vizinhos sempre dizem:"Coitados dos pais do Alexandre, o filho é uma peste." Frequentemente, ouvem-se as vozes dos pais a reclamar:
-Alexandre! Onde é que você está?
-Ai, meu Deus, Alexandre! o que você fez desta vez?
Alexandre é conhecido por suas proezas, que fazem as pessoas chamá-lo de o "Tranca-Rua" ou o "Pestinha". Fala-se que ele começou muito cedo nas suas façanhas. Aos três anos, ele pegou o batom preferido de sua mãe e saiu a pintar as paredes da casa, que eram de um branco impecável, de vermelho. A mãe só faltou enlouquecer ao ver. Mas isso foi só o começo mesmo. Depois, o menino resolveu brincar com seus patinhos de borracha na banheira e a encheu demais, trancando-se no banheiro. Os pais descobriram quando viram que saia água debaixo da porta do banheiro. Mandaram-no abrir a porta e, ao verem, a banheira transbordava.
Os pais já não sabem o que fazer. Já conversaram e castigaram, mas nenhum castigo faz o menino parar com suas travessuras. Uma tarde, ele estava jogando bola e, acidentalmente, quebrou a janela do vizinho. O pai o proibiu de jogar bola por quinze dias e o guri Alexandre ficou com ódio do vizinho por tê-lo dedurado. Mas ele achou um jeito de se vingar. A família de Alexandre tem três coelhos e o vizinho tem uma horta. Numa tarde, o vizinho viu os três coelhos na sua horta e, enlouquecido, ligou para a família, que foi buscar os animais, que estavam se refestelando no canteiro de couves. Como os coelhos tinham ido parar lá? O pai de Alexandre olhou para o filho, que disse que não sabia.
-Alexandre, você quer me enlouquecer? o pai gritou.
As outras crianças da vizinhança não costumam mexer com ele, porque sabem que vão se encrencar e os irmãos vivem a brigar com ele. Ele já cortou os cabelos das bonecas Barbie da irmã mais velha, que só faltou cobri-lo de pancadas. A mãe precisou interferir e, ao saber do que se tratava, colocou Alexandre de castigo por dez dias. O irmão mais novo adora fazer castelos de areia e não quer o guri Alexandre perto. Reclama que ele joga água nos seus castelos.
Houve um tempo em que os pais notaram que os ovos estavam desaparecendo. Ao mesmo tempo, pessoas reclamaram que alguém andava atirando ovos podres nos seus muros. Descobriram que Alexandre enterrava os ovos até apodrecerem e, então, saia atirando nos muros. O pai berrou:
-Alexandreeeee! Eu vou te dar uma surra de cinto!
Não chegou a dar a surra. A mãe não deixou. Mas o pai ficou zangado por muitos dias.
Na escola, a professora sofre com as peraltices do guri Alexandre. Ela vive a deixá-lo sem recreio ou a mandá-lo para a sala da diretoria. Na última vez que a professora lhe chamou a atenção na frente da sala, Alexandre ficou com muita raiva e, no dia seguinte, depois do recreio, quando ela foi abrir a gaveta da sua escrivaninha, ela gritou. Havia uma perereca dentro. De que forma o animal tinha entrado? Só podia ter sido o guri Alexandre. Os pais o deixaram sem Internet e televisão por muitos dias, sabendo que seria mais um castigo inútil.
As outras crianças já mexeram com ele, chamando-o de nomes feios ou dizendo que não o queriam no time de futebol.O guri Alexandre não deixou passar em branco quando não o quiseram no time de fubebol. Ficou de tocaia, esperando uma oportunidade para pegar a bola e, quando a viu, pegou-a e... jogou-a na casa da senhora que tem um cachorro enorme.Os meninos ficaram loucos de raiva ao ver, impotentes, o cachorro furar a bola e disseram que iriam quebrar Alexandre no pau. Ele apontou a sua pistola de água e disparou. Os meninos correram. A pistola não estava cheia de água, mas de xixi. Alexandre disparou e fugiu rindo.Desde então, os meninos tomam cuidado.
Quando o guri Alexandre tomará juízo? Não se sabe. Foi a conclusão a que seus pais chegaram depois que visitaram a casa do tio que é irmão do pai. A irmã mais velha foi brincar com a prima e não deixaram Alexandre brincar com elas, porque dizem que ele estraga os brinquedos. O menino ficou sentado no sofá, chateado e resolveu perguntar ao irmão pequeno da prima se podia brincar de pintar com ele. Como o primo é muito pequeno, concordou.
Depois, a família foi embora e os pais viram que o guri Alexandre tinha um riso maldoso.
-Alexandre, o que você aprontou desta vez? o pai desconfiou.
Mais tarde, a prima que não permitira que Alexandre brincasse com ela descobriu que ele dera um jeito de se vingar dela: ele pintara seu lindo poodle branco com tinta guache azul.
Submited by
Prosas :
- Inicie sesión para enviar comentarios
- 3749 reads
other contents of Atenéia
Tema | Título | Respuestas | Lecturas | Último envío | Idioma | |
---|---|---|---|---|---|---|
Poesia/Gótico | Minha marca | 0 | 1.950 | 05/16/2015 - 11:40 | Portuguese | |
Poesia/Desilusión | Era eu seu brinquedo | 0 | 3.082 | 05/08/2015 - 20:09 | Portuguese | |
Poesia/Desilusión | Nada mais | 0 | 1.364 | 05/01/2015 - 18:45 | Portuguese | |
Críticas/Libros | A sedução de Carmilla | 0 | 5.139 | 05/01/2015 - 09:20 | Portuguese | |
Poesia/Tristeza | La sangre de los inocentes | 0 | 4.920 | 04/29/2015 - 17:05 | Español | |
Poesia/Tristeza | La prisionera | 0 | 6.466 | 04/29/2015 - 17:02 | Español | |
Poesia/Gótico | Origin of the fears | 0 | 4.775 | 04/13/2015 - 19:16 | Inglés | |
Poesia/Gótico | O nosso pior pesadelo | 0 | 1.069 | 04/13/2015 - 19:13 | Portuguese | |
Poesia/Desilusión | Too cold | 0 | 4.913 | 04/12/2015 - 17:38 | Inglés | |
Poesia/Gótico | Still bleeding | 0 | 5.002 | 04/10/2015 - 13:15 | Inglés | |
Poesia/Gótico | O vale da morte | 0 | 1.440 | 04/10/2015 - 13:13 | Portuguese | |
Poesia/Gótico | Góticos | 0 | 3.948 | 04/10/2015 - 13:09 | Portuguese | |
Poesia/Gótico | We need to reveal ourselves | 0 | 3.228 | 04/07/2015 - 13:09 | Inglés | |
Poesia/Desilusión | Don't ask me to forgive you | 0 | 5.437 | 04/07/2015 - 13:04 | Inglés | |
Poesia/Gótico | Terror noturno | 0 | 1.747 | 04/05/2015 - 11:56 | Portuguese | |
Poesia/Meditación | O cavalo selvagem | 0 | 2.067 | 04/05/2015 - 11:52 | Portuguese | |
Prosas/Pensamientos | Jornada interior | 0 | 868 | 04/02/2015 - 19:18 | Portuguese | |
Poesia/Gótico | Vem conhecer minha alma | 0 | 2.132 | 04/01/2015 - 23:57 | Portuguese | |
Poesia/Gótico | Strange forces | 0 | 4.515 | 04/01/2015 - 23:54 | Inglés | |
Poesia/Gótico | Lose myself | 0 | 2.978 | 04/01/2015 - 23:50 | Inglés | |
Poesia/Tristeza | Soluça minha alma | 0 | 1.412 | 03/23/2015 - 11:25 | Portuguese | |
Poesia/Gótico | So much darkness | 0 | 3.881 | 03/23/2015 - 11:23 | Inglés | |
Poesia/Haiku | Neblina | 0 | 3.158 | 03/23/2015 - 11:20 | Portuguese | |
Poesia/Gótico | Negras formas | 0 | 1.778 | 03/18/2015 - 18:44 | Portuguese | |
Poesia/Pensamientos | Cinzenta tinta | 0 | 2.439 | 03/18/2015 - 18:41 | Portuguese |
Add comment