CRONICA - LOU REED - O BARDO URBANO

     Um homem envolvido com a atmosfera promíscua e dilacerante das ruas dos grandes centros e com as diferentes faces da perversão humana. Um cara que vomitou linhas e - ao contrário deste que vos escreve - não lançou garrafas ao mar esperando um resgate. Lou Reed injetava em suas veias doses maciças de uma urbanidade intragável e - por vezes - inaceitável fazendo colidir o "sonho americano" com a putaria que rolava solta nas ruas de Nova York ou então de qualquer lugar aonde tremulasse a bandeira com suas estrelas e listras.

     Ele não foi apenas o arauto da degradação, o selvagem que chegou a se casar com um travesti, o rebelde fajuto que deixou se enrabar pela heroína. Lou foi um daqueles profetas fudidos que volte e meia a parecem e nos fazem lembrar que a coisa é bem diferente quando se vive a rua e não apenas se olha para ela por detrás de um para-brisas.

     Quem poderá negar - no futuro, no hoje, ou seja lá quando for! - que seu legado construiu/destruiu muita coisa que era tida por eterna? Quem poderia conceber uma parceria entre ele e os todos poderosos do metal (Metallica) resultando no assombroso "Lulu". Um disco do caralho que não foi entendido porque o mundo é burro demais para enxergar além do seu próprio nariz.

     Quer saber, não estou ouvindo "Walk on the wild side"!  Mas estou lembrando de "Berrlim" e do poderoso "New York". Esse sim, o Lp que me fez sentir tesão pela rebeldia e pela contramão mandando um foda-se para o establishment como é conhecido.

     Acho que Lou Reed não está descansando, neste momento. Aliás, acho que está cagando se existe céu ou inferno porque tem muito mais o que fazer.