Renascer na poética do ser

Um acaloramento me invade, apesar do rendilhado do vestido. Também a natureza se enfeita de rendas como véus esvoaçantes associando-se ao baile das vindimas; aos olhares cúmplices quando dedos pegajosos do suco que larga o cacho cortado apressadamente, se tocam e os sorrisos se soltam em faces vermelhas de verão; às coreografias espontâneas que se teatralizam em cenários naturais se decido sentar-me na plateia do meu ser; aos musicais que surgem em improvisos como em canto de desgarrada, inigualáveis, porque a banda nunca será a mesma…
Como baila este dia outonal respondendo ao desafio de um sol que se pintou de um amarelo indefinido, diluindo o acinzentado de um céu que queria fazer morada, pincelando-o de azuis luminosos onde sobressaem continentes de nuvens branco pureza…
Como me sonho em dias assim, mergulhando nas calmas águas do rio do meu sorriso. No fundo, espelhado está o mundo maravilhoso do meu sentir. Os momentos deste enamoramento. O namoro que faço acontecer. O suspiro profundo desta comunhão que deixo perpetuado nas palavras tatuadas no poema que não escrevi…
Guardo-o e declamo-o, inaudível, para mim. Em dias assim, sem idade, de eterna jovialidade. E é nesta juventude poética que renasço, elixir milagroso que eclipsa qualquer marca temporal…


Odete Ferreira, 06-10-2013

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Jueves, Noviembre 21, 2013 - 17:31

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Odete Ferreira

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Comentarios

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Para deborabenvenuti

Muito obg, Débora, pelo gentil comentário...

É,sem sensibilidade, as palavras não fluem, ficam aprisionadas logo à nascença...

BJO :)

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Renascer na Poética do Ser

Adorei sua escrita. Parabéns! A leveza do conto me leva a imaginar a sensibilidade do seu ser.

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