CRONICA - CIGARRO
Sinto falta do cigarro. Sim, confesso. Nessas sextas-feiras cruéis, aonde estou isolado em minha sala, sem contato algum com o mundo, ah não ser lendo as postagens dos conhecidos que insistem em não me reconhecer. É nessas horas que a ansiedade senta ao meu lado e me oferece uma pipoca ou um refrigerante. Sei que não posso dar ouvidos a ela e nosso relacionamento não deve ser considerado. Mas ela insiste e então, como num passe de magia negra, antigos fantasmas tomam conta de meu ser.
Sei que tudo isso é desencadeado pela perspectiva de que faço parte do circulo de amizades das pessoas. Ou de algumas delas. Sei que a solidão, o isolamento decoram a ante sala do desespero. E quando não consigo visualizar algum sinal de vida do outro lado da tela do computador - meu único contato com o mundo exterior - fico a imaginar o quanto de vida e de alegria estou a perder por alguém ignorar uma mensagem minha.
Sinto falta da nicotina. Da companhia de um cigarro entre os dedos, da comunicação residente na fumaça resultante na queima do fumo. E tal qual uma mentira mal contada, a fumaça vai se dissipando no espaço. Assim são os contatos nesses tempos líquidos. Assim são nossas relações e nossas aptidões morais. Deixamos morrer as amizades que não nos interessam. Deixamos morrer coisas, pessoas que fazem parte de nossas memórias e do passado pois cobiçamos o futuro perfeito aonde a beleza, o poder, o status e o dinheiro suplantam o intercâmbio espiritual que deve haver entre os seres humanos.
O que significa um maço de cigarros por dia? O que significa um dia na vida de uma pessoa? Minha dependência, seus sinais e marcas são refreados por um esforço que muito me cobra. E acabo conseguindo livrar-me da ansiedade através de uma série de artimanhas mentais. Ela se vai. Mas sei que a vontade está lá, em algum lugar de minha mente.
E quanto a você? Por que não presta atenção nos sinais? Alguma pessoa, mesmo que distante, pode estar dependendo de um sinal seu para conseguir vencer a solidão, a ansiedade e o desespero. Pense nisso! Amanhã, quem poderá estar nessa situação, vivendo uma síndrome de abstinência, é você.
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