Baú de criança.

Eis a solução para minha inquietante aflição:
Abrirei meu baú de estimação.

Quando criança o guardei
Com ternura, prometi somente
Abri-lo quando fosse um grande homem
Tomado por bravura.
Confesso que não sou o herói
Que espera ser quando não tinha herói algum,
Hoje sou apenas mais um;
Um ser com medo e cheio de segredos.

Em meu pequeno baú
Guardei meus grandes pesadelos;
Só os guardei porque não queria
Carregá-los comigo,
Mas nem todos couberam no fundo,
Alguns insistiram em me acompanhar pelo mundo
E sem ter onde guardá-los
Convivi com eles, e por eles mudei o meu rumo.

Hoje vejo que me tornei um medroso.
Cresci e virei moço,
Mas em meu rosto,
Já calejado pelo tempo,
Só carrego desgosto.

Antes não tivesse criado tal baú.
Antes não tivesse guardado
Meus medos em uma caixa de madeira.
Antes tivesse enfrentado todas essas besteiras.

Eu sei que nunca é tarde para se encorajar,
Mas também nunca é cedo para se perder o medo.

Irei abrir de uma vez por todas
O meu baú de criança,
Só assim serei de uma vez por todas
Livre das minhas velhas e impiedosas lembranças.

Afinal, pra que guardar o que não presta?

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Sábado, Julio 25, 2009 - 06:07

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Brunorico

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Comentarios

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Re: Baú de criança.

Bom poema!!!

:-)

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Re: Baú de criança.

De que serve guardar o que não presta? Apenas para alimentar ressentimentos
A tua escrita é sempre mto criativa e original.
Gostei imenso
Abraço

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Re: Baú de criança.

brunorico!

Ref. Baú de criança!
Penso que todas as pessoas tem os seus baús imaginários, mas não há ponto de levar tão à sério como você está levando esse seu baú, mas...
Eu por exemplo uso o meu baú, para aquilo que não presta, é lixo,mas eu nunca mais pretendo revirar baú ou baús para mexer naquilo que já descartei, se já descartei está descartado e ponto final. Caso fosse alguma coisa para deixar de lado, aí sim,mas com a intenção de analisar algo que eu não tinha certeza de seu descarte. Caso contrário esqueça-se...

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