Spinoza e o Panteísmo - Parte XIV - Considerações Finais
Contudo, como é de praxe, durante a sua vida o brilho de sua inteligência não recebeu a mesma consideração que nos tempos posteriores. Figuras importantes questionaram suas ideias, sendo que até o grande filósofo Hume considerou a sua sistemática como uma “teoria hedionda”.
A reabilitação só teve inicio quando o célebre crítico Leasing (Gotthold Ephraim – 1729/1781 – Al.) declarou-se, em 1780, um “spinozista durante toda a sua vida madura” porque “não existe outra Filosofia que não a de Spinoza”. Algum tempo depois, Herder (Johann Gottfried Von – 1744/1803 – Al.) chamou a atenção dos teólogos liberais para a “Ética”, através de sua obra “Einige Ges Prache Uber Spinoza´s System”; e o poeta católico Novalis (pseudônimo de Georg Philipp Friedrich Von Hardenberg – 1772/1801 – Al.), chamou-o de “o homem bêbado de Deus”; ou seja, embriagado pelo poder divino. Simultaneamente, Jacobi (Carl Gustav Jakob Jacobi – 1804/1851 – Al.) apresentou a obra de Spinoza para o grande escritor, poeta e pensador Goethe (Johann Wolfgang Von – 1749/1832 – Al.) que logo na primeira leitura de “A Ética” tornou-se admirador do filosofo holandês e passou a fazer constantes referências às ideias do mesmo, em seu trabalho.
Posteriormente, Fichte, Schelling e Hegel combinaram a Filosofia spinoziana e a kantiana e da fusão retiraram as suas versões panteísticas. Em seguida, Schopenhauer retirou do spinoziano “esforço de preservar a si mesmo” a sua teoria sobre a “Vontade (de viver)” e Nietzsche idem, com sua tese sobre a “Vontade (de poder)”. Mas adiante, foi à vez de Bérgson utilizar a doutrina de Spinoza para embasar o seu “elã vital”.
Nos países de língua inglesa, a influência de Spinoza surgiu com o movimento revolucionário de jovens intelectuais rebeldes como os poetas românticos Coleridge (Samuel Taylor – 1772/1834 – GB.) e Wordsworth (Willian – 1770/1850 – GB.), Shelley (Percy Bysse – 1792/1822 – GB.), Byron (George Gordon – 1788/1824 – GB) que passaram a citá-lo nas próprias obras. Posteriormente George Eliot (pseudônimo da romancista Mary Ann Evans – 1819/1880 – GB) chegou a traduzir “A Ética”, mas não publicou o seu trabalho; e o jornalista, político e socialista Belfort Bax (Ernest – 1854/1926 – GB) disse: “Não existem, nos dias de hoje, homens proeminentes que não declarem que em Spinoza está a plenitude da ciência moderna.”.
Com efeito, deve-se a Spinoza o mérito de ter resgatado e atualizado a ancestral sabedoria hindu, filtrada por Platão, e, com isso, ter dado ao homem um valiosíssimo instrumento para combater o bom combate contra a obscuridade religiosa e política que campeou por toda a Idade Média e que, ainda hoje, em pleno século XXI, nega-se a perecer no lixo da história.
Nada mais justo, portanto, que as palavras que disse o filósofo e historiador Ernest Renan (Joseph – 1823/1892 – Fr.) em 1822, na inauguração de uma estátua de Spinoza em Haia, Holanda:
“(...) Pobre daquele que, ao passar, lançasse um insulto a essa cabeça delicada e pensativa. Seria punido, como são punidas todas as almas vulgares, pela vulgaridade e pela incapacidade de conceber o que é divino. Este homem, de seu pedestal de granito, apontará a todos os homens o caminho da bem-aventurança que ele encontrou; e, daqui a gerações, o viajante culto, ao passar por este local, dirá em seu coração: ‘a mais verdadeira visão de Deus que já se teve talvez tenha acontecido aqui’”.
Assim, encerramos o capitulo relativo à Spinoza. No próximo, discorreremos sobre o grande Voltaire e o Iluminismo Francês.
Produção e divulgação de Pat Tavares, lettré, l´art et la culture, assessoria de Imprensa e de Comunicação com o Público. Rio de Janeiro, inverno de 2014.
Submited by
Prosas :
- Inicie sesión para enviar comentarios
- 2907 reads
other contents of fabiovillela
Tema | Título | Respuestas | Lecturas | Último envío | Idioma | |
---|---|---|---|---|---|---|
Poesia/Amor | Espelho | 0 | 1.243 | 12/26/2012 - 13:56 | Portuguese | |
Poesia/General | As Estações | 0 | 1.795 | 12/23/2012 - 14:19 | Portuguese | |
Poesia/General | Speratio | 0 | 2.760 | 12/19/2012 - 20:43 | Portuguese | |
Poesia/General | Preso Tempo | 0 | 1.149 | 12/18/2012 - 11:23 | Portuguese | |
Poesia/Fantasía | A Rua da Meia-Noite | 0 | 1.755 | 12/14/2012 - 11:42 | Portuguese | |
Poesia/General | Auto de Açucena | 0 | 1.584 | 12/10/2012 - 11:22 | Portuguese | |
Poesia/Dedicada | Gesto | 0 | 1.519 | 12/09/2012 - 12:17 | Portuguese | |
Poesia/Amor | Que Sejam | 0 | 4.562 | 12/07/2012 - 11:33 | Inglés | |
Poesia/Pasión | Dança do Ventre | 0 | 1.021 | 12/03/2012 - 14:12 | Portuguese | |
Poesia/General | Macabéa Envelhecida | 0 | 1.223 | 12/02/2012 - 11:24 | Portuguese | |
Poesia/Dedicada | Praça Tahril | 0 | 796 | 11/25/2012 - 12:35 | Portuguese | |
Poesia/Amor | Diques | 0 | 1.802 | 11/23/2012 - 11:10 | Portuguese | |
Poesia/General | Finda Poesia | 1 | 735 | 11/21/2012 - 23:25 | Portuguese | |
Poesia/Amor | Labiríntico | 1 | 1.208 | 11/20/2012 - 18:45 | Portuguese | |
Prosas/Teatro | PROMETEU Acorrentado - PANDORA e a Esperança | 0 | 4.503 | 11/17/2012 - 22:26 | Portuguese | |
Poesia/Tristeza | Travessia | 0 | 475 | 11/13/2012 - 13:19 | Portuguese | |
Prosas/Teatro | Medeia, a Tragédia de hoje | 0 | 4.676 | 11/12/2012 - 10:42 | Portuguese | |
Anúncios/Varios - En Venta | SOBREVIVENDO COM O CÂNCER LINFÁTICO - 2ª Edição | 0 | 3.869 | 11/11/2012 - 12:05 | Portuguese | |
Poesia/Fantasía | Godot | 0 | 6.892 | 11/11/2012 - 11:52 | Inglés | |
Poesia/General | Old Age | 0 | 781 | 11/05/2012 - 14:34 | Portuguese | |
Poesia/Tristeza | Mater Dolorosa | 0 | 1.041 | 11/02/2012 - 11:15 | Portuguese | |
Poesia/Dedicada | As Meninas | 0 | 1.500 | 10/23/2012 - 11:39 | Portuguese | |
Poesia/General | Nostalgia | 0 | 1.166 | 10/22/2012 - 11:54 | Portuguese | |
Poesia/Dedicada | A Atriz | 5 | 2.418 | 10/19/2012 - 14:28 | Portuguese | |
Poesia/Dedicada | Morangos | 0 | 1.130 | 10/14/2012 - 12:26 | Portuguese |
Add comment