Faltou arrojo a este outono

Não me fica bem este rio embrumado.
Nota-se escorrendo de minhas faces pálidas.
O vermelho desbota-se no pregueado.
Marcas perenes de noites outrora cálidas.

Vestiu-me esta noite de folhas em recorte.
O sorriso, este sorriso iluminado,
acrescentou-o o sol ao seu fino porte,
num amanhecer pálido e envergonhado.

Procuro o rosto dos sentidos outonais.
Mas cega àqueles indícios subversivos
que, vós, sábia natureza aclarais,
toldam-me somente de uivos compulsivos.

Perdi-te num intenso sonho diluvial
vergastado  pelos deuses da intempérie
ainda não sei se foi providencial,
um outono assassino de almas em série.

Por entre veredas selvagens e estreitas,
quotidiano sem poética visão,
carecem as utópicas cores escorreitas
Um outono velho, tímido de emoção.

Onde pára a natureza que me encantava,
o colorido de telas inconfessáveis,
as encostas macias onde te afagava,
os leitos floridos de segredos palpáveis?

Sei que a resposta está na espera tranquila.
Na paradoxal ânsia de alma intranquila.
Os tons outonais ficaram presos nas filas.
Ergue-te! Faz-te tela nas minhas pupilas!

OF, 24-09-14
Imagem em http://portate-mal.blogspot.pt/

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Jueves, Septiembre 25, 2014 - 00:36

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Odete Ferreira

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