A Canção de Bagdá

A Canção de Bagdá
Os olhos negros de Emab
já não choram. Estão secos.
Secos os olhos, os seios,
os corpos e os campos.
Secos, como a oliveira
que do antigo terraço
assistiu a chegada de cada uma
das mil e uma noites.
Secos, como são os homens
que metralham a esperança
e bombardeiam a inocência.
Foi-se o sândalo e a mirra evaporou inútil,
pois eis que o cheiro é só o cheiro da morte,
que compartilha o tempo da vida.
Calaram-se os mercadores
e tornaram-se imóveis estátuas
as mulheres que dançavam
desde a noite dos tempos.
Noites que já foram mil
e que agora nem se contam.
O relâmpago da bomba assassina
pari breves dias instantâneos,
e ruge a eterna ciranda
da fúnebre fome
de perpétua demanda.
Aos povos que sofrem o flagelo das guerras do homem.
Lettré, l´art et la Culture - Rio de Janeiro, Primavera de 2014.
Submited by
Viernes, Octubre 31, 2014 - 15:04
Poesia :
- Inicie sesión para enviar comentarios
- 3907 reads
other contents of fabiovillela
Tema | Título | Respuestas | Lecturas |
Último envío![]() |
Idioma | |
---|---|---|---|---|---|---|
Poesia/General | Bruxas | 2 | 4.750 | 07/14/2009 - 14:56 | Portuguese | |
Poesia/General | Por quem | 1 | 6.351 | 07/12/2009 - 21:19 | Portuguese | |
Poesia/Tristeza | Outono | 2 | 4.282 | 07/09/2009 - 19:26 | Portuguese | |
Poesia/Dedicada | Isabel | 1 | 6.182 | 07/08/2009 - 13:08 | Portuguese | |
Poesia/Aforismo | "Vivere Est" | 2 | 5.268 | 07/07/2009 - 18:57 | Portuguese | |
Poesia/General | Foto | 1 | 4.524 | 07/04/2009 - 22:41 | Portuguese |
Add comment