Rousseau e o Romantismo - Parte XI - O amor e o ódio
Exemplo disso pode ser visto no tocante ao sentimento de “Amor”, onde ele quebrou visões quase monolíticas de tanto que perduraram no ideário da humanidade.
Ultrapassando a ideia de que o sentimento de Amor obedece a rigidas classificações, ele propôs um debate amplo e aberto sobre a sexualidade, alegando seu caráter de experiência fundamental na vida dos seres humanos; bem como a conscientização da importância do Amor (e do Ódio) enquanto elementos de construção das relações sociais e a repercussão dessa importância no desenvolvimento da pessoa. E além dessas, não se intimidou em apresentar as suas arrojadas propostas de se debater, em pleno século XVIII, temas como:
a) A diferenciação entre o “amor conjugal (formal, oficial)” e o “amor passional” que avança para além das convenções.
b) A ideia de que é na infância que o indivíduo constrói a sua identidade sexual, assim como as suas concepções sobre o assunto. A homossexualidade, por exemplo, deixaria de ser uma “abominação”, um “pecado de Sodoma”, para se enquadrar no aspecto de formação da psique individual.
É interessante observar que essa última constitui uma (ou talvez a única) das fontes em que beberam Freud e seus seguidores para elaborarem os seus celebrados sistemas.
Também desperta interesse observar que o assunto relativo aos tipos de amor, ainda hoje, em pleno século XXI, encontra várias barreiras e desperta inúmeras polêmicas.
Tabus que Rousseau ousou enfrentar e que certamente contribuíram para aumentar as oposições que lhe eram feitas, mas que também serviram para manter atualizadíssimas as suas propostas filosóficas.
No próximo capítulo abordaremos a visão rousseauniana sobre a Religião.
Lettré, l´art et la culture. Rio de Janeiro, Primavera de 2014.
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