A Ópera no Ocidente - Parte IV - Uma breve história - A Ópera italiana.

Ainda que não haja registro oficial, arrisco dizer que a Ópera chegou ao Ocidente através do incremento no comércio internacional, resultante do avanço tecnológico nas embarcações e nas técnicas de navegação que ocorreu na época do chamado Renascimento.

E como se sabe, nesse campo brilhou a “República de Veneza”, que à época não tinha vínculos formais com a atual Itália. 

Através de seus mercadores, vários costumes foram importados das terras distantes e, provavelmente, dentre eles chegou da China, junto com a seda, o papiro, a pólvora etc., um tipo de representação que unia o Canto, a Dança e o Teatro para contar uma história. Uma manifestação perfeitamente adequada para contar as “Tragédias Gregas” que renasceram no período, no bojo da revalorização de toda a antiga cultura clássica, que havia sido solapada pela ignorância supersticiosa e religiosa da Idade Média.

E por ter chegado primeiramente em uma Cidade Estado que estava informalmente associada com outras de origem e natureza símiles, acabou ficando com a Itália a honra de ter sido o berço da Ópera ocidental.

Mas não foram apenas os italianos que se ocuparam do gênero, pois também os franceses e os alemães criaram obras magníficas, secundados por outros povos que também participaram do movimento.

Na sequência, falaremos do desenvolvimento do gênero nessas nações, iniciando, obviamente, pela Itália em face de sua importância.
A Ópera italiana.

O termo “Ópera” provém do latim e significa: “trabalho”. É o plural de “Opus” que, por sua vez, significa: “obras”.

Como já se disse, surgiu por volta do início do século XVII, na época conhecida como Renascimento por ser o tempo em que “renasceu” a cultura clássica, especialmente a grega, após as trevas medievais.

Na região da atual Itália, as peças de teatro musical como os “dramma per música” e/ou as “favola in música (fábula musical)” já contavam com rústicos Canto, Dança e Encenação; e com o advento das novas informações, essas Artes desenvolveram-se rapidamente para atenderem a suntuosidade que os enredos exigiam, já que tratavam prioritariamente das Tragédias Gregas e, em menor escala, de alguns temas regionais, que também eram aludidos nos Carnavais venezianos da ocasião.

O primeiro espetáculo considerado realmente uma Ópera, aconteceu por volta de 1594, em Florença, com o título de “Dafne”, de autoria de Jacopo Peri e de Rinuccini, em suposto atendimento a uma encomenda feita por um círculo de humanistas florentinos, conhecido como “A Camerata”.

Porém, para alguns estudiosos, a Ópera foi composta para um grupo de teóricos da música, liderados por Jacopo Corsi, para confrontar a Camerata, que eles julgavam ser reacionária. Participavam do grupo os compositores Jacopo Peri, Caccini, Gagliano e Cavalieri, unidos pelos objetivos de promover o ressurgimento da Tragédia Grega e combater a insistência conservadora de instituições como a Camerata que preconizavam a manutenção do estilo altamente polifônico do então hegemônico “madrigal dramático”, em detrimento da grandiosidade literária do enredo.

Apesar de alguns equívocos, a posição do grupo de Corsi prevaleceu e como característica do novo gênero ficou estabelecido que a sua música teria que se subordinar ao conjunto do enredo, deixando de ocupar a posição central do espetáculo.

Mas, polêmicas à parte, o que mais se lamenta atualmente é o desaparecimento da obra pioneira. Por isso, coube à obra seguinte, também de Jacopo Peri, composta em c. de 1600 com o título de “Eurídice (feita para o casamento de Henrique IV e Maria de Medicis)” a honra de ser a primeira Ópera a ter chegado aos nossos dias.

A seguir, veremos com mais detalhes o desenvolvimento da Ópera na Itália.

Lettré, l´art et la Culture. Rio de Janeiro, Verão de 2015.

Submited by

Lunes, Enero 19, 2015 - 19:23

Prosas :

Sin votos aún

fabiovillela

Imagen de fabiovillela
Desconectado
Título: Moderador Poesia
Last seen: Hace 8 años 20 semanas
Integró: 05/07/2009
Posts:
Points: 6158

Add comment

Inicie sesión para enviar comentarios

other contents of fabiovillela

Tema Título Respuestas Lecturas Último envíoordenar por icono Idioma
Prosas/Otros O "Coxinha", o "Mac-Calango", a Legalidade e a Legitimidade 0 3.882 10/28/2014 - 23:22 Portuguese
Prosas/Otros Rousseau e o Romantismo - Parte VIII - A Perseguição Política 0 2.825 10/25/2014 - 20:30 Portuguese
Poesia/General Asas, quem dera 0 1.933 10/24/2014 - 00:33 Portuguese
Prosas/Mistério Rousseau e o Romantismo - Parte VII - A Publicação de "Emílio", de "O Contrato Social", de "La Nouvelle Héloise" e outras 0 12.407 10/23/2014 - 13:56 Portuguese
Prosas/Otros Rousseau e o Romantismo - Parte VI - O rompimento com os Enciclopedistas 0 4.439 10/22/2014 - 13:29 Portuguese
Poesia/General Destino 0 2.455 10/16/2014 - 01:05 Portuguese
Prosas/Otros Rousseau e o Romantismo - Parte V- Os Enciclopedistas 0 4.501 10/15/2014 - 20:35 Portuguese
Prosas/Otros Rousseau e o Romantismo - Parte V - Notas Biográficas, continuação 0 3.638 10/14/2014 - 19:53 Portuguese
Prosas/Otros O FIM da FILOSOFIA e da SOCIOLOGIA no ENSINO MÉDIO 0 3.989 10/13/2014 - 19:23 Portuguese
Poesia/Amor O Voo da Vida 0 2.012 10/10/2014 - 14:22 Portuguese
Prosas/Otros Rousseau e o Romantismo - Parte III - Jean Jacques - Notas biográficas 0 5.620 10/09/2014 - 15:04 Portuguese
Prosas/Otros Rousseau e o Romantismo - Parte II - Jean Jacques Rousseau - Prefácio 0 1.553 10/08/2014 - 19:20 Portuguese
Prosas/Otros Rousseau e o Romantismo - Parte I - Preâmbulo 0 3.893 10/08/2014 - 00:16 Portuguese
Poesia/Amor Retornos 0 1.549 10/06/2014 - 15:17 Portuguese
Poesia/Tristeza A Mulher e as Fotos 0 2.404 10/03/2014 - 22:04 Portuguese
Prosas/Otros Voltaire e o Iluminismo francês - Parte X - Considerações Finais 0 8.436 10/02/2014 - 19:59 Portuguese
Poesia/Dedicada Luz e Sombra 0 3.092 10/01/2014 - 00:19 Portuguese
Prosas/Otros Voltaire e o Iluminismo francês - Parte IX - O Antagonismo entre Voltaire e Rousseau 0 2.925 09/29/2014 - 20:43 Portuguese
Poesia/Tristeza Canção de Sarajevo 0 1.760 09/28/2014 - 19:59 Portuguese
Prosas/Otros Voltaire e o Iluminismo francês - Parte VIII - O Tempo da Concessão e do Abrandamento 0 4.070 09/27/2014 - 00:27 Portuguese
Prosas/Otros Voltaire e o Iluminismo francês - Parte VII - O Tratado sobre a Tolerância 0 5.797 09/25/2014 - 14:41 Portuguese
Poesia/Tristeza Yumi do bordel 0 5.427 09/25/2014 - 13:17 Portuguese
Poesia/Tristeza Dragões 0 3.167 09/23/2014 - 20:17 Portuguese
Prosas/Otros Voltaire e o Iluminismo francês - Parte VII - Ecrasez L´infame 0 4.392 09/23/2014 - 20:02 Portuguese
Prosas/Otros Voltaire e o Iluminismo francês - Parte VI - Dicionário Filosófico (a Enciclopédia) 0 2.548 09/22/2014 - 14:18 Portuguese