O mistério da velha escola - 12
Marcão e Alfredinho resolveram estudar juntos o ritual para ter certeza de que não errariam. Alfredinho resolveu confessar:
-Sabe, Marcão, e se isto que pretendemos fazer não for mesmo uma burrada?
-Resolveu amarelar agora, seu bosta?
-Não é isso, é que esses rituais nunca são seguros. A Lilith está certa, afinal, estamos mexendo com o mundo espiritual.
-É um risco que temos que correr, Alfredinho.
-Eu me lembrei de uma história que um primo meu contou.
-Como ela é?
-Já ouviu falar desses tabuleiros ouija?
-Sim, já assisti a filmes em que essa coisa aparece.
-Houve um filme em que eu vi que a protagonista usa a tábua ouija e depois um dos personagens a alerta que essas tábuas teriam sido antes chamadas de tábuas de bruxas, porque as bruxas as usariam para chamar os demônios.
-E...?Marcão grunhiu, aborrecido.
-Aqui, no Brasil, o mais comum é o jogo do copo.
-Sei.
-Meu primo conheceu uma pessoa que gostava de fazer esse jogo e que enlouqueceu.
-É? Marcão disfarçou a custo o medo.
-É. Marcão, se você quer desistir, estamos em tempo. Talvez haja outra solução.
-Eu não vou desistir!
-Onde pretende fazer esse ritual? Na velha escola?
-Não se fala de nenhum lugar específico, por isso faremos na casa da Lilith.
Os olhos de Alfredinho se arregalaram.
-Marcão, será que aí já não é...?
-Quer fazer na sua casa?
Diante do tom sugestivo de Marcão, Alfredinho resolveu:
-Certo. Será na casa dela. Como faremos?
-Eu vou falar com ela e trato de convencê-la.
Alfredinho olhou para Marcão.
-Que foi, Alfredinho?
-É que eu... não consigo deixar de pensue não estamos sendo legais com ela. Veja, Marcão, quando ela soube que pretendíamos ir à velha escola, ela se preocupou em me alertar, e depois ajudou a achar o corpo do José Afonso. E a gente, desde o início, não fez nada certo.
O rosto de Marcão ficou sombrio e ele concordou:
-É, não estamos sendo legais, mas não se trata de nada pessoal.
-Ela sabe que porá a própria vida em risco?
-Não, eu não falei.
-Eu não quero que nada aconteça a ela, que não fez nada de errado.
Marcão olhou para Alfredinho e pegou seu celular, ligando para Lilith.
Lilith atendeu com raiva e respondeu:
-Alô, Marcão.
-Lilith, você tem como dizer a seus pais que uns amigos vão estudar na sua casa?
-Tenho. Mas vocês não vêm aqui para estudar, não é?
-Você passa as tardes em casa?
-Passo, mas diga uma coisa: isso demora?
-Não demora muito, eu garanto. Se tudo der certo, terminaremos antes de seus pais voltarem e todos nós estaremos livres.
-Certo, pode vir amanhã. Tchau.
-Tchau.
Lilith desligou o celular e Marcão disse:
-Alfredinho, vai ser amanhã. Esteja preparado.
-Você está preparado, Marcão?
-O que você pensa?
-Alfredinho se calou, sabendo o que Marcão queria dizer.
Na quarta-feira, Marcão e Alfredinho mal prestaram atenção às aulas e não procuraram Lilith, que agiu como sempre. Depois, as aulas acabaram e Marcão ligou para casa, dizendo que iria estudar na casa de Alfredinho, o qual não se preocupou em ligar para sua mãe porque ela passava o dia fora.
Os dois viram Lilith indo embora e Marcão a chamou:
-Lilith!
Ela os olhou e perguntou:
-Já?
-Sim.respondeu Marcão.
-Vou pegar o ônibus. Vocês têm como pagar suas passagens?
-Temos.
-Então vamos.
Alfredinho notou que Lilith emagrecera e pensou: "Será que ela vai sobreviver a um ritual desses?"
Esperaram o ônibus, que não demorou muito. Lilith sentou perto do local de saída e Marcão e Alfredinho sentaram no banco atrás.
-Lilith - Alfredinho tentou quebrar o gelo - você está com medo?
-Estou.
-Mas não precisa - respondeu Marcão - vai dar tudo certo e José Afonso nos deixará em paz.
-Você tem certeza demais, não?rebateu a menina.
-E você sempre sabe dar uma resposta, não?sorriu Marcão.
-Bem, não vamos discutir.resolveu Alfredinho.
Desceram quando Lilith disse que haviam chegado. Não tiveram que andar muito até à casa dela, que era um sobrado simples. Ela abriu o portão.
-Hoje, meu pai volta cedo. Então, sejamos rápidos.
-Qual a profissão de seu pai, Lilith?perguntou Marcão.
-Ele é professor universitário no curso de Engenharia Elétrica.
-E sua mãe?interessou-se Alfredinho.
-Ela é terapeuta ocupacional. Bem, querem comer algo?
-Não, comemos na escola.
-Entremos.
Havia uma mesa pequena na sala de jantar. Marcão decidiu, pondo nela o livro de José Afonso?
-Será aqui. Lilith, será bom que você tome um banho e ponha roupas claras. O médium tem que estar limpo.
Lilith mandou que sentassem e foi tomar um banho, voltando pouco depois com uma roupa azul-clara. Marcão pediu que ela enchesse uma jarra com água, e quando ela voltou, falou:
-Teremos primeiro que fazer um ritual para nos protegermos. Este ritual é perigoso. Vamos nos dar as mãos e fechar os olhos.acendeu uma vela.
Alfredinho e Lilith obedeceram e Marcão orou:
-Ó Santo Deus de Misericórdia,
pedimos que nos proteja
do mal, ajudando-nos a
encontrar a Luz divina que
provém da Tua Bondade
Infinita. Estende sobre nós
Tua mão poderosa e protetora.
Amém.
Submited by
Prosas :
- Inicie sesión para enviar comentarios
- 3400 reads
other contents of Atenéia
Tema | Título | Respuestas | Lecturas | Último envío | Idioma | |
---|---|---|---|---|---|---|
Poesia/Meditación | No jardim | 0 | 884 | 12/14/2013 - 20:36 | Portuguese | |
Poesia/General | Passarinho na gaiola | 0 | 1.077 | 12/14/2013 - 20:33 | Portuguese | |
Poesia/Meditación | Meu barco | 0 | 663 | 12/14/2013 - 20:31 | Portuguese | |
Poesia/Desilusión | Sem cores | 0 | 1.504 | 12/11/2013 - 14:47 | Portuguese | |
Poesia/Desilusión | Uma caverna escura | 0 | 2.217 | 12/11/2013 - 14:45 | Portuguese | |
Poesia/Meditación | Madrugada | 1 | 1.000 | 11/27/2013 - 19:02 | Portuguese | |
Poesia/Amor | No he encontrado | 0 | 1.214 | 11/24/2013 - 01:33 | Español | |
Poesia/Meditación | Again | 0 | 3.540 | 11/24/2013 - 01:30 | Inglés | |
Poesia/Desilusión | Don't leave me here | 0 | 5.249 | 11/22/2013 - 10:49 | Inglés | |
Prosas/Contos | O terrível guri Alexandre | 0 | 3.566 | 10/12/2013 - 12:31 | Portuguese | |
Poesia/Meditación | Open your eyes | 0 | 2.197 | 09/23/2013 - 11:24 | Inglés | |
Poesia/General | How can we know the truth | 0 | 3.213 | 09/15/2013 - 16:31 | Inglés | |
Poesia/Desilusión | Who will save my soul | 0 | 4.679 | 09/15/2013 - 16:27 | Inglés | |
Poesia/General | Someone | 0 | 2.042 | 08/13/2013 - 19:37 | Inglés | |
Poesia/Meditación | Escrevo | 0 | 1.958 | 07/28/2013 - 20:38 | Portuguese | |
Poesia/Meditación | Our road | 0 | 2.582 | 07/22/2013 - 19:52 | Inglés | |
Poesia/General | Intensity | 0 | 2.609 | 07/22/2013 - 19:48 | Inglés | |
Prosas/Pensamientos | A questão da existência | 0 | 2.653 | 07/22/2013 - 19:45 | Portuguese | |
Poesia/Desilusión | You've killed my peace | 0 | 2.330 | 07/10/2013 - 14:30 | Inglés | |
Poesia/General | Mais | 0 | 1.012 | 07/08/2013 - 16:05 | Portuguese | |
Poesia/Amor | Searching you | 0 | 2.595 | 06/29/2013 - 20:23 | Inglés | |
Poesia/Fantasía | O despertar | 0 | 1.119 | 06/26/2013 - 12:41 | Portuguese | |
Poesia/General | O gato negro | 2 | 2.275 | 06/26/2013 - 12:38 | Portuguese | |
Poesia/General | Íntimo | 0 | 1.378 | 06/25/2013 - 00:41 | Portuguese | |
Críticas/Libros | Uma amizade especial | 0 | 2.037 | 06/25/2013 - 00:38 | Portuguese |
Add comment