Nau d’fogo
Cometi de todos e dos mais bárbaros crimes,
De Baltimore a Dar-es-Salam,
Entre Damasco, Cairo e Jerusalém,
Não sei nem quantos escarros eu cuspi de desdém,
Se tudo o que fiz foi acto de fé sem Juiz,
Passageiro de Metropolitano tempo,
Ou Meretriz no reino da Etióquia,
È curta e rude a eira em que me deitei,
Meu coração passou não muito ao largo disto tudo,
Da ilha de py, no Egeu, onde alguém espera por quem o salve, de si mesmo.
Na Lídia do Pégaso, aonde mora a tarde extravagante de pã,
Ou na umbria Skye, d’onde logro no escuro a barca da noite.
Estive onde nunca de noite fui e aí fiquei,
Em todos os topos picos, todos os portos e brancas praias
Do globo e calotes polares, do norte errado,
No rumor do mar jónico, ao encarnado,
O corpo trago, ainda preso a uma paliçada,
Feita dessa armadura eriçada de espinhos, dum Cristo,
A um falso obelisco, para me não lembrar q’isto,
D’en vão sonhar, não é sonho nem é nada,
E não vou orar a’outra rosa cálida, onomástica
Ou triste e apagar o q’aqui nest’alma é palio vestígio,
Frágil… frágil navio de Mar solto,
Frágil e curto.
Por vezes acordo de repente,
Sem saber como preencher os espaços em branco,
No corpo mau, é certo…
Mas a nau d’fogo, que consumirá meu espírito, velejará pra’sempre
Sinto-o…sinto-o no meu sangue quente
Jorge Santos (01/2011)
http://joel-matos.blogspot.com
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