Ponto sem nó
Nó e ponto, em sequência e igual a todos
Os invadidos de uma senilidade fútil qualquer,
A modos que formatados a zeros,
Sem nada de orgulho oculto pra um Deus leigo entender.
Cumpro uma missão que não entendo,
A mando d’um ser supremo que desconheço,
Nem sei qual é o meu fardo,
E qual o meu preço,
A roupa que visto, não é minha, nem a teço ou faço,
Uso-a por adereço, escondo debaixo o sujo
No corpo, igual a tantos outros, assim me disfarço
E consigo conviver, imundo comigo e camuflado co’meu nojo,
Comprovo-me ao sol e debaixo dele sei por vezes q’existo,
Quando m’afundo num corpo bonito de mulher
E, se ungido sou, do sangue vindo dum incerto Cristo,
Ele olha-me severo, da cruz, sem nada dizer, ou fazer
E o que vejo, no espelho, é uma revelação
Triste d’outros rostos, de esquecido rasto,
Não me orgulho, nem um pouco, da humilhante missão,
De carregar na pele, um número tatuado, a ferro e fogo.
Ofereço-me no patíbulo, a custo zero, e não me enfureço,
Se amputado dos sentidos ou fuzilado por me traír, reduzido a um pó,
Que dizem ser, poeira dos anjos, disso não me convenço,
È apenas o supersticioso espírito, fazendo troça, dum simbólico corpo,
Sem culpa, se faço parte da miragem de mim mesmo,
A imortalidade será um mito mágico, infantil,
De que adoeço amiúdo com o febril sonho de que sou de mim senhor e amo,
Mas, tal como quase toda a gente, sou ponto sem nó, i sem til
Nem fúria nem vitória, ponto.
Jorge Santos (01/2011)
http://joel-matos.blogspot.com
Submited by
Ministério da Poesia :
- Inicie sesión para enviar comentarios
- 2122 reads
Add comment
other contents of Joel
Tema | Título | Respuestas | Lecturas |
Último envío![]() |
Idioma | |
---|---|---|---|---|---|---|
Ministério da Poesia/Soneto | Panfleto | 0 | 5.065 | 11/19/2010 - 18:18 | Portuguese | |
Ministério da Poesia/Soneto | sonho ou pesadelo | 0 | 3.404 | 11/19/2010 - 18:16 | Portuguese | |
Ministério da Poesia/General | adorei o sol | 0 | 5.083 | 11/19/2010 - 18:16 | Portuguese | |
Ministério da Poesia/General | achigãns | 0 | 8.563 | 11/19/2010 - 18:16 | Portuguese | |
Ministério da Poesia/General | feio sou | 0 | 5.771 | 11/19/2010 - 18:16 | Portuguese | |
Ministério da Poesia/General | sonho | 0 | 5.317 | 11/19/2010 - 18:16 | Portuguese | |
Ministério da Poesia/General | Amonte | 0 | 9.146 | 11/19/2010 - 18:16 | Portuguese | |
Ministério da Poesia/General | jura maré trovata | 0 | 5.228 | 11/19/2010 - 18:16 | Portuguese | |
Ministério da Poesia/General | até ao adeus | 0 | 3.778 | 11/19/2010 - 18:16 | Portuguese | |
Ministério da Poesia/General | poiais terrenos | 0 | 9.046 | 11/19/2010 - 18:16 | Portuguese | |
Ministério da Poesia/General | poiais terrenos | 0 | 3.686 | 11/19/2010 - 18:16 | Portuguese | |
Ministério da Poesia/General | frangalhos de sonhos | 0 | 6.600 | 11/19/2010 - 18:16 | Portuguese | |
Ministério da Poesia/General | tô aqui no sem-fim | 0 | 2.653 | 11/19/2010 - 18:16 | Portuguese | |
Ministério da Poesia/General | salvemos o planeta nosso | 0 | 3.779 | 11/19/2010 - 18:16 | Portuguese | |
Ministério da Poesia/Aforismo | raio de sol | 0 | 4.582 | 11/19/2010 - 18:16 | Portuguese | |
Ministério da Poesia/Dedicada | phyllis | 0 | 7.496 | 11/19/2010 - 18:16 | Portuguese | |
Ministério da Poesia/Tristeza | Tal me fez Pessoa. | 0 | 3.927 | 11/19/2010 - 18:16 | Portuguese | |
Ministério da Poesia/General | arch-au-ciel | 0 | 6.521 | 11/19/2010 - 18:16 | Portuguese | |
Ministério da Poesia/Aforismo | abrunhos | 0 | 7.289 | 11/19/2010 - 18:16 | Portuguese | |
Ministério da Poesia/Aforismo | irmã tua | 0 | 4.807 | 11/19/2010 - 18:16 | Portuguese | |
Ministério da Poesia/Dedicada | vivo ao teu lado | 0 | 4.861 | 11/19/2010 - 18:16 | Portuguese | |
Ministério da Poesia/Aforismo | pinoquio | 0 | 5.221 | 11/19/2010 - 18:16 | Portuguese | |
Ministério da Poesia/Aforismo | secretos segredos | 0 | 6.673 | 11/19/2010 - 18:16 | Portuguese | |
Ministério da Poesia/Aforismo | me rendo | 0 | 5.543 | 11/19/2010 - 18:16 | Portuguese | |
Ministério da Poesia/Aforismo | Mandala de papel | 0 | 4.603 | 11/19/2010 - 18:16 | Portuguese |
Comentarios
.
.
.
.
.
.
.
.
.
.
.
.
o que vejo, no espelho, é uma
o que vejo, no espelho, é uma revelação
Triste d’outros rostos, de esquecido rasto,
Não me orgulho, nem um pouco, da humilhante missão,
De carregar na pele, um número tatuado, a ferro e fogo.
Ofereço-me no patíbulo, a custo zero, e não me enfureço,
o que vejo, no espelho, é uma
o que vejo, no espelho, é uma revelação
Triste d’outros rostos, de esquecido rasto,
Não me orgulho, nem um pouco, da humilhante missão,
De carregar na pele, um número tatuado, a ferro e fogo.
Ofereço-me no patíbulo, a custo zero, e não me enfureço,
o que vejo, no espelho, é uma
o que vejo, no espelho, é uma revelação
Triste d’outros rostos, de esquecido rasto,
Não me orgulho, nem um pouco, da humilhante missão,
De carregar na pele, um número tatuado, a ferro e fogo.
Ofereço-me no patíbulo, a custo zero, e não me enfureço,
o que vejo, no espelho, é uma
o que vejo, no espelho, é uma revelação
Triste d’outros rostos, de esquecido rasto,
Não me orgulho, nem um pouco, da humilhante missão,
De carregar na pele, um número tatuado, a ferro e fogo.
Ofereço-me no patíbulo, a custo zero, e não me enfureço,