Filhos do não
Ainda que, nos ombros suportem a Terra,
Os milénios e durem meros minutos ateus,
E, tão de noite seja, que de manhã nem descora,
O tinto vinho, da taça despejada de Deus.
E os réus, os que Te servem frio e morto,
E se comportam como filhos do não,
Condenados a partilhar de golpes no rosto,
Dum Cristo, a náusea e a nua paixão.
Ainda que pese sobre as Tuas costas,
Esta Terra cinzenta e estreita,
Ainda que homens ajam como bestas,
Ou feras cativas, sempre à espreita,
E os venenos destilados em taças,
Sirvam de ampulhetas dos restos do tempo,
Ainda que seja absurdo que sofras,
E voltes a assentar a cabeça, no herdado cepo
E a apodrecer no jazigo raso dos soldados gregos,
O silêncio do cosmonauta cantará nos teus ombros,
Até doerem os címbalos outrora surdos,
E a luz de muitos sóis, perdurará nas pálpebras fechadas
Ainda que encerres os teus deuses dementes,
Longe das manhãs breves e nas tardes luzentes.
Jorge Santos
(02/2011)
http://joel-matos.blogspot.com
Submited by
Ministério da Poesia :
- Inicie sesión para enviar comentarios
- 1030 reads
Add comment
other contents of Joel
Tema | Título | Respuestas | Lecturas | Último envío | Idioma | |
---|---|---|---|---|---|---|
Ministério da Poesia/General | Saudades… | 0 | 1.603 | 02/23/2018 - 13:52 | Portuguese | |
Ministério da Poesia/General | Sem glúten. | 0 | 1.117 | 02/23/2018 - 13:49 | Portuguese | |
Ministério da Poesia/General | Quando olho não me conheço… | 0 | 675 | 02/23/2018 - 13:47 | Portuguese | |
Ministério da Poesia/General | Homem Anão. | 0 | 1.835 | 02/23/2018 - 13:44 | Portuguese | |
Ministério da Poesia/General | A minha validade | 0 | 1.763 | 02/23/2018 - 13:39 | Portuguese | |
Ministério da Poesia/General | Fui… | 0 | 630 | 02/23/2018 - 13:31 | Portuguese | |
Ministério da Poesia/General | Pouco original… | 0 | 1.859 | 02/23/2018 - 13:27 | Portuguese | |
Ministério da Poesia/General | Como é possível. | 0 | 1.738 | 02/23/2018 - 13:25 | Portuguese | |
Ministério da Poesia/General | D’autres pas. | 0 | 1.210 | 02/23/2018 - 13:20 | Portuguese | |
Ministério da Poesia/General | Amor prisão | 0 | 901 | 02/23/2018 - 13:18 | Portuguese | |
Ministério da Poesia/General | Hoje não encontrei a dor | 0 | 444 | 02/23/2018 - 13:16 | Portuguese | |
Ministério da Poesia/General | A tasca dos abissais… | 0 | 2.145 | 02/23/2018 - 13:11 | Portuguese | |
Ministério da Poesia/General | Quanto do malho é aço… | 0 | 1.219 | 02/23/2018 - 13:08 | Portuguese | |
Ministério da Poesia/General | Ave cantora… | 0 | 1.466 | 02/23/2018 - 13:06 | Portuguese | |
Ministério da Poesia/General | A razão do tempo… | 0 | 631 | 02/23/2018 - 13:00 | Portuguese | |
Ministério da Poesia/General | O desejo que morrerá comigo… | 0 | 1.923 | 02/23/2018 - 12:57 | Portuguese | |
Ministério da Poesia/General | De-louco… | 0 | 342 | 02/23/2018 - 12:54 | Portuguese | |
Ministério da Poesia/General | Há pessoas de linho-branco… | 0 | 1.858 | 02/23/2018 - 12:25 | Portuguese | |
Ministério da Poesia/General | Zé Luís-Filho… | 0 | 1.048 | 02/23/2018 - 12:24 | Portuguese | |
Ministério da Poesia/General | Cidade País | 0 | 1.701 | 02/23/2018 - 12:07 | Portuguese | |
Ministério da Poesia/General | Rua dos sentidos orfãos | 0 | 238 | 02/23/2018 - 11:54 | Portuguese | |
Ministério da Poesia/General | Os amantes suicidam-se duas vezes | 0 | 2.201 | 02/23/2018 - 11:53 | Portuguese | |
Ministério da Poesia/General | David Ou… | 0 | 772 | 02/23/2018 - 11:51 | Portuguese | |
Ministério da Poesia/General | Odor de lagoa Chã… | 7 | 891 | 02/23/2018 - 11:43 | Portuguese | |
Ministério da Poesia/General | À vontade presa … | 1 | 2.186 | 02/23/2018 - 11:40 | Portuguese |
Comentarios
.
.
.
.
.
.
.
.
.
.
.
.
Ainda que pese sobre as Tuas
Ainda que pese sobre as Tuas costas,
Esta Terra cinzenta e estreita,
Ainda que homens ajam como bestas,
Ou feras cativas, sempre à espreita,
E os venenos destilados em taças,
Sirvam de ampulhetas dos restos do tempo,
Ainda que pese sobre as Tuas
Ainda que pese sobre as Tuas costas,
Esta Terra cinzenta e estreita,
Ainda que homens ajam como bestas,
Ou feras cativas, sempre à espreita,
E os venenos destilados em taças,
Sirvam de ampulhetas dos restos do tempo,
Ainda que pese sobre as Tuas
Ainda que pese sobre as Tuas costas,
Esta Terra cinzenta e estreita,
Ainda que homens ajam como bestas,
Ou feras cativas, sempre à espreita,
E os venenos destilados em taças,
Sirvam de ampulhetas dos restos do tempo,
Ainda que pese sobre as Tuas
Ainda que pese sobre as Tuas costas,
Esta Terra cinzenta e estreita,
Ainda que homens ajam como bestas,
Ou feras cativas, sempre à espreita,
E os venenos destilados em taças,
Sirvam de ampulhetas dos restos do tempo,