SUBJETIVISMO

Sou um tanto intimista.
Estudo-me conscientemente,
Contudo há facetas de mim
Que não compreendo, são meus mistérios.
Tenho um panorama íntimo enigmático,
Pois há doses de profunda timidez
As quais não consigo decifrá-las.
Sempre me ponho a refletir,
Porém minhas reflexões nunca têm fim,
Por isso, na maioria das vezes, abandono-as.
Logo recomeço um novo serial de indagações
Que me percorrem nas mesmas estradas,
Retas e curvas. Talvez seja meio oblíqua, não sei.
Meus pensamentos são átomos imperceptíveis,
Configuram-se por uma linguagem esferoide
Em que cada ponto tem seu começo, meio e fim.
Eu entendo que sou tripartida, todavia fragmentada
Pelas ilusões de uma existência introvertida,
Totalmente sem qualquer analogia com pessoas afins.
Não há psicologia que me decifre: minhas vontades
São reflexivas, isto é, de mim para mim mesma.
Nas linhas diagonais da vida não conheço as diretrizes,
Porquanto há ocasiões que são perpendiculares;
Noutras, paralelas. Meus ângulos parecem disformes:
Há atitudes retas, agudas e obtusas, sem conceitos fixos.
Em meu estuário de ideias frequentemente me perco,
Porque as ondas que flutuam sobre mim não têm formas,
Distorcem-se com facilidade e são frágeis...
Olho os fatos da vida sob diversos matizes:
O que gosto hoje, posso detestar amanhã,
Portanto amor é ódio formam um paradoxo,
São sentimentos que se misturam
Como se fossem um só.
Assim, não consigo ser feliz visto que posso estar
Triste nos minutos seguintes.
Sou um alguém que não nutre confiança:
Se não confio nem em mim mesma,
Como posso confiar em outros?
Enxergo-me numa bissetriz
Que parte do centro de uma circunferência
Sem um destino conhecido,
Decerto ainda à procura de uma identificação.
Não há nada que me decifre,
Não há ciência que me desvenda
Neste arsenal de dúvidas que forma
A complexidade de um viver social.
Sou um ser insocial, mas não sou ilha,
Posto que as adversidades me atraem
E, ao mesmo tempo, me sufocam.
Sou Terra, sou mitologia, sou lenda
E, concomitantemente, sou alguém
Dentro de um ninguém...
Cheguei à conclusão que sou abstrata!

DE  Ivan de Oliveira Melo

Submited by

Lunes, Marzo 30, 2020 - 23:57

Poesia :

Sin votos aún

imelo

Imagen de imelo
Desconectado
Título: Membro
Last seen: Hace 4 años 1 semana
Integró: 09/09/2009
Posts:
Points: 1659

Add comment

Inicie sesión para enviar comentarios

other contents of imelo

Tema Título Respuestas Lecturas Último envíoordenar por icono Idioma
Poesia/Soneto COMBUSTÃO 0 1.098 02/23/2020 - 00:56 Portuguese
Poesia/General CONCOMITANTES 0 1.130 02/11/2020 - 01:39 Portuguese
Poesia/Soneto EXÍLIO 0 1.470 02/10/2020 - 02:59 Portuguese
Prosas/Otros BATALHA 0 3.096 02/09/2020 - 16:39 Portuguese
Poesia/Soneto ERA UMA VEZ... 0 1.296 01/28/2020 - 23:56 Portuguese
Poesia/Amor PROVAVELMENTE POSSÍVEL 0 1.834 01/26/2020 - 18:00 Portuguese
Poesia/Soneto ANAMNESE 0 1.130 01/24/2020 - 23:32 Portuguese
Poesia/Soneto ALQUIMIAS 0 1.592 01/24/2020 - 01:24 Portuguese
Poesia/General ATMOSFERA 0 1.063 01/21/2020 - 03:47 Portuguese
Poesia/Soneto POSTURA 0 1.352 01/20/2020 - 23:13 Portuguese
Poesia/Soneto PSICANÁLISE 0 1.200 01/20/2020 - 03:32 Portuguese
Poesia/Soneto METÁFORAS DO MUNDO MODERNO 0 1.793 01/19/2020 - 15:58 Portuguese
Poesia/General THE MIRROR 0 3.930 01/19/2020 - 00:34 Inglés
Poesia/General THE MIRROR 0 3.667 01/19/2020 - 00:12 Inglés
Poesia/General REGALOS DA EXISTÊNCIA 0 1.265 01/18/2020 - 03:42 Portuguese
Poesia/Soneto FRENESI 0 1.135 01/17/2020 - 00:10 Portuguese
Poesia/Soneto DIACRONISMO 0 1.170 01/16/2020 - 00:16 Portuguese
Poesia/Soneto DIACRONISMO 0 1.657 01/16/2020 - 00:12 Portuguese
Poesia/Soneto ALÉM DA MORTE 0 1.170 01/15/2020 - 21:38 Portuguese
Poesia/Soneto RETOQUE 0 1.353 01/15/2020 - 00:42 Portuguese
Poesia/Soneto IRRUPÇÃO 0 1.229 01/14/2020 - 02:05 Portuguese
Poesia/General TERRA MARINHA 0 1.830 01/02/2020 - 02:13 Portuguese
Poesia/Gótico TERROR NOTURNO 0 2.157 01/01/2020 - 23:23 Portuguese
Poesia/General CICLO DAS IDIOTICES 0 1.605 01/01/2020 - 12:59 Portuguese
Prosas/Contos Lembranças de Inverno 1 2.367 02/27/2018 - 12:28 Portuguese