Deixai-vos descer à vala,

Deixai-vos descer à vala,

Deixem descer à vala,
O corpo que vos deram,
Deixai-vos cair, como as coisas
Que se partem, reles, usuais

E os argumentos enterram-se,
Deixai-vos senhorios, morrer na terra,
Como é natural, numa concha
Onde a areia se infiltra, na campa

Se entranha, velada estranha,
Igual toda a espécie humana,
Deixem-se descer comuns à vala,
Ridículos, mesquinhos, profanos,

Infra-humanos sem futuro,
Falsos Profetas, obscuros e ciganos,
Réus d’sua própria fama,
Como manda lei, norma,

Nada é vosso, nem o corpo,
Mas tem de haver alma,
O corpo é uma montra,
Fixo-me a ver se a vejo,

Fico-me por tudo isso, cinza
O que não tenho, o que era físico
Grotesco mundano, insignificante
Cor de sangue, excepto

O que não vos deram,
Revela o absurdo e o que não se explica,
E uma maneira especial, invertida de
Mágoa, mudas criaturas se velam,

Ilógicas janelas estendem-se em silêncio
Sobre campos, enterrados
Órgãos humanos, fálicos olhos, órfãos
De mãe e pai, universais os sonhos,

A razão e o conhecimento, o instinto
Não morrem, de modo algum se enterram,
Deixem descer à vala o corpo, comum
Simples, profano, refugo, peste…

Joel Matos ( 3 Fevereiro 2021)

http://joel-matos.blogspot.com
https://namastibet.wordpress.com
http://namastibetpoems.blogspot.com

Submited by

Sábado, Febrero 6, 2021 - 21:40

Ministério da Poesia :

Su voto: Nada Promedio: 5 (1 vote)

Joel

Imagen de Joel
Desconectado
Título: Membro
Last seen: Hace 4 días 15 horas
Integró: 12/20/2009
Posts:
Points: 42009

Comentarios

Imagen de Joel

obrigado pela leitura

obrigado pela leitura

Add comment

Inicie sesión para enviar comentarios

other contents of Joel

Tema Título Respuestas Lecturas Último envíoordenar por icono Idioma
Ministério da Poesia/General até ao adeus 0 2.227 11/19/2010 - 19:16 Portuguese
Ministério da Poesia/General poiais terrenos 0 4.845 11/19/2010 - 19:16 Portuguese
Ministério da Poesia/General poiais terrenos 0 2.151 11/19/2010 - 19:16 Portuguese
Ministério da Poesia/General frangalhos de sonhos 0 3.364 11/19/2010 - 19:16 Portuguese
Ministério da Poesia/General tô aqui no sem-fim 0 1.808 11/19/2010 - 19:16 Portuguese
Ministério da Poesia/General salvemos o planeta nosso 0 1.912 11/19/2010 - 19:16 Portuguese
Ministério da Poesia/Aforismo raio de sol 0 2.781 11/19/2010 - 19:16 Portuguese
Ministério da Poesia/Dedicada phyllis 0 5.423 11/19/2010 - 19:16 Portuguese
Ministério da Poesia/Tristeza Tal me fez Pessoa. 0 1.872 11/19/2010 - 19:16 Portuguese
Ministério da Poesia/General arch-au-ciel 0 4.970 11/19/2010 - 19:16 Portuguese
Ministério da Poesia/Aforismo abrunhos 0 5.385 11/19/2010 - 19:16 Portuguese
Ministério da Poesia/Aforismo irmã tua 0 2.999 11/19/2010 - 19:16 Portuguese
Ministério da Poesia/Dedicada vivo ao teu lado 0 2.225 11/19/2010 - 19:16 Portuguese
Ministério da Poesia/Aforismo pinoquio 0 3.271 11/19/2010 - 19:16 Portuguese
Ministério da Poesia/Aforismo secretos segredos 0 3.655 11/19/2010 - 19:16 Portuguese
Ministério da Poesia/Aforismo me rendo 0 3.488 11/19/2010 - 19:16 Portuguese
Ministério da Poesia/Aforismo Mandala de papel 0 2.289 11/19/2010 - 19:16 Portuguese
Ministério da Poesia/Aforismo maquina do tempo 0 2.959 11/19/2010 - 19:16 Portuguese
Ministério da Poesia/Aforismo cheiro de vento 0 2.970 11/19/2010 - 19:16 Portuguese
Ministério da Poesia/Aforismo sei 0 3.461 11/19/2010 - 19:16 Portuguese
Ministério da Poesia/Aforismo espanto 0 4.542 11/19/2010 - 19:16 Portuguese
Ministério da Poesia/Aforismo coraçaõ largo 0 1.994 11/19/2010 - 19:16 Portuguese
Ministério da Poesia/Aforismo sempre 0 3.160 11/19/2010 - 19:16 Portuguese
Ministério da Poesia/Aforismo quando 0 3.539 11/19/2010 - 19:16 Portuguese
Ministério da Poesia/Aforismo Balada para um turco 0 3.217 11/19/2010 - 19:16 Portuguese