Deixemos descer à vala, o corpo que em vão nos deram
Deixemos descer à vala,
O corpo que nos deram,
Deixai-o ir, com as coisas
Que se quebram, reles, usuais
E os argumentos enterram-se,
Deixai-me sombrio, morrer na terra,
Como é natural, numa concha
Onde a areia se infiltra, na campa
Se entranha, velada estranha,
Igual toda a espécie humana,
Deixem-me descer comum à vala,
Ridículo, mesquinho, profano,
Infra-humano sem futuro,
Falso Profeta, obscuro e cigano
Réu d’minha própria fama,
Como manda a lei e a norma
Nada é nosso, nem o corpo,
Mas tem de haver alma,
O corpo é uma montra,
Fixo-me a ver se o vejo,
Fico-me por tudo isso, cinza
O que não tenho, o que era físico
Grotesco mundano, insignificante
Cor de sangue, excepto
O que não nos deram,
Me revela um absurdo que não sei explicar,
E uma maneira especial, invertida de
Mágoa, mudas criaturas me velam,
Ilógicas janelas estendem-se em silêncio
Sobre campos, enterrados
Órgãos humanos, fálicos olhos, órfãos
De mãe e pai, naturais os sonhos,
A razão e o conhecimento, o instinto
Não morrem, de modo algum se enterram,
Deixem meu corpo descer à vala, comum
Como os simples, donde jamais me erguerei
Em vão, de novo …
Jorge Santos (03 Fevereiro 2021)
https://namastibet.wordpress.com
http://namastibetpoems.blogspot.com
Submited by
Ministério da Poesia :
- Inicie sesión para enviar comentarios
- 3381 reads
Add comment
other contents of Joel
Tema | Título | Respuestas | Lecturas | Último envío | Idioma | |
---|---|---|---|---|---|---|
Poesia/General | farol | 0 | 3.890 | 12/16/2010 - 21:55 | Portuguese | |
Poesia/General | Na Pressa de Chegar | 0 | 6.018 | 12/16/2010 - 21:54 | Portuguese | |
Poesia/General | Frases Partidas | 0 | 3.007 | 12/16/2010 - 21:53 | Portuguese | |
Poesia/General | No cair do Medo | 0 | 4.059 | 12/16/2010 - 21:52 | Portuguese | |
Poesia/General | Falta de definição | 0 | 2.423 | 12/16/2010 - 21:50 | Portuguese | |
Poesia/Intervención | Voto em Branco | 0 | 2.971 | 12/16/2010 - 21:49 | Portuguese | |
Poesia/General | Quem Sonhou o Amor | 0 | 2.697 | 12/16/2010 - 21:47 | Portuguese | |
Poesia/General | O fim dos tempos | 0 | 2.026 | 12/16/2010 - 21:45 | Portuguese | |
Poesia/General | Cordéis ,Seis | 0 | 2.209 | 12/16/2010 - 21:40 | Portuguese | |
Poesia/General | Palavras Meias | 0 | 1.878 | 12/16/2010 - 21:30 | Portuguese | |
Poesia/General | Y GREGO | 0 | 2.974 | 12/16/2010 - 21:28 | Portuguese | |
Poesia/General | Muda esperança | 0 | 2.352 | 12/16/2010 - 21:27 | Portuguese | |
Poesia/General | Sou D'tod'o TaMaNhO | 0 | 4.319 | 12/16/2010 - 21:25 | Portuguese | |
Poesia/General | Cabra Cega | 0 | 3.583 | 12/16/2010 - 21:23 | Portuguese | |
Poesia/General | Fuga do dia | 0 | 1.903 | 12/16/2010 - 21:21 | Portuguese | |
Poesia/Fantasía | Gê | 0 | 1.484 | 12/16/2010 - 21:20 | Portuguese | |
Poesia/Dedicada | Um pouco de Tu | 0 | 1.617 | 12/16/2010 - 21:17 | Portuguese | |
Poesia/Fantasía | O Licórnio | 0 | 3.082 | 12/16/2010 - 21:16 | Portuguese | |
Poesia/General | Cheiro a beijo | 0 | 3.145 | 12/16/2010 - 21:12 | Portuguese | |
Poesia/General | Viagem sem retorno | 0 | 2.394 | 12/16/2010 - 21:05 | Portuguese | |
Poesia/General | Pouco m'importa | 0 | 3.265 | 12/16/2010 - 21:03 | Portuguese | |
Poesia/Fantasía | Navio fantasma | 0 | 3.732 | 12/16/2010 - 21:00 | Portuguese | |
Poesia/General | Lilith | 0 | 2.154 | 12/16/2010 - 20:59 | Portuguese | |
Poesia/Intervención | Canção do pão | 0 | 2.857 | 12/16/2010 - 20:54 | Portuguese | |
Poesia/General | O último poema | 0 | 2.416 | 12/16/2010 - 20:52 | Portuguese |
Comentarios
Igual toda a espécie
Igual toda a espécie humana,
Deixem-me descer comum à vala,
Ridículo, mesquinho, profano,
Infra-humano sem futuro,
Falso Profeta, obscuro e cigano
Réu d’minha própria fama,
Como manda a lei e a norma
Igual toda a espécie
Igual toda a espécie humana,
Deixem-me descer comum à vala,
Ridículo, mesquinho, profano,
Infra-humano sem futuro,
Falso Profeta, obscuro e cigano
Réu d’minha própria fama,
Como manda a lei e a norma
Igual toda a espécie
Igual toda a espécie humana,
Deixem-me descer comum à vala,
Ridículo, mesquinho, profano,
Infra-humano sem futuro,
Falso Profeta, obscuro e cigano
Réu d’minha própria fama,
Como manda a lei e a norma
Igual toda a espécie
Igual toda a espécie humana,
Deixem-me descer comum à vala,
Ridículo, mesquinho, profano,
Infra-humano sem futuro,
Falso Profeta, obscuro e cigano
Réu d’minha própria fama,
Como manda a lei e a norma
Igual toda a espécie
Igual toda a espécie humana,
Deixem-me descer comum à vala,
Ridículo, mesquinho, profano,
Infra-humano sem futuro,
Falso Profeta, obscuro e cigano
Réu d’minha própria fama,
Como manda a lei e a norma