Meu deixar semanal...
Deixo ali mais uns meninos
rindo, olhando uns aos outros
e mostrando seus cadernos
como se neles tivessem
obras primas das mais raras,
mas, de fato, até que é fato:
aprenderam escrever
nada mais que próprio nome
e eis apontam para o feito
dizem “Tio, sou eu aqui!
Não tem letras mais bonitas
do que essas do meu nome”…
Deixo a moça sentadinha
lá no píer abraçando
os joelhos, mas sorrindo.
Seu tchauzinho me comove.
Descobriu-se diferente,
se travou dentro de si,
teve medo, quis morrer;
quis sumir em meio à mata
não tão virgem como dizem,
mas mostrei-lhe umas fotos
de pessoas “parecidas”
e que vivem sem temer,
pois é belo o ser diverso…
Deixo gente que me odeia
por que levo diferença,
esperança e quase sonhos
para quem já nem sonhava…
Deixo lágrimas descerem
se juntando ao rio escuro,
pois sozinho choro livre
e meu corpo diz à mente
que foi bom deixar de mim
mais um pouco e o barqueiro
já conhece o meu sentir,
pois deixei na outra Vila
mais pedaços de euforia
e me alerta: “-Homi, calma!
Come um pouco e te distrai.
Esse rio é tua estrada.
Deixa estar, segunda feira
tem, depois de Aritaguá,
Vilarejo e Juerana,
O Retiro, Assentamento,
Jairi, Sapucaeira…
Vão ser uns dias difíceis!
Deixa estar! Esses meninos
vão crescer e te esquecer,
é capaz de outros virem
desmanchar o teu trabalho,
mas agora, vai, descansa,
pois em pouco a gente chega
na Lagoa Encantada,
onde já tem o teu rastro;
onde dormes sono justo
onde sonhas e as dores
deixam tu sentindo a paz
que termina com o canto
do galinho garnizé
da senhora Albertina
que te deixa rir com “causos”
repetidos, mas alegram
e te deixam mais feliz…
rindo, olhando uns aos outros
e mostrando seus cadernos
como se neles tivessem
obras primas das mais raras,
mas, de fato, até que é fato:
aprenderam escrever
nada mais que próprio nome
e eis apontam para o feito
dizem “Tio, sou eu aqui!
Não tem letras mais bonitas
do que essas do meu nome”…
Deixo a moça sentadinha
lá no píer abraçando
os joelhos, mas sorrindo.
Seu tchauzinho me comove.
Descobriu-se diferente,
se travou dentro de si,
teve medo, quis morrer;
quis sumir em meio à mata
não tão virgem como dizem,
mas mostrei-lhe umas fotos
de pessoas “parecidas”
e que vivem sem temer,
pois é belo o ser diverso…
Deixo gente que me odeia
por que levo diferença,
esperança e quase sonhos
para quem já nem sonhava…
Deixo lágrimas descerem
se juntando ao rio escuro,
pois sozinho choro livre
e meu corpo diz à mente
que foi bom deixar de mim
mais um pouco e o barqueiro
já conhece o meu sentir,
pois deixei na outra Vila
mais pedaços de euforia
e me alerta: “-Homi, calma!
Come um pouco e te distrai.
Esse rio é tua estrada.
Deixa estar, segunda feira
tem, depois de Aritaguá,
Vilarejo e Juerana,
O Retiro, Assentamento,
Jairi, Sapucaeira…
Vão ser uns dias difíceis!
Deixa estar! Esses meninos
vão crescer e te esquecer,
é capaz de outros virem
desmanchar o teu trabalho,
mas agora, vai, descansa,
pois em pouco a gente chega
na Lagoa Encantada,
onde já tem o teu rastro;
onde dormes sono justo
onde sonhas e as dores
deixam tu sentindo a paz
que termina com o canto
do galinho garnizé
da senhora Albertina
que te deixa rir com “causos”
repetidos, mas alegram
e te deixam mais feliz…
Ronaldo Rhusso
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Miércoles, Julio 6, 2022 - 15:01
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