Trecho de A ÚLTIMA MARGARIDA
O silêncio tomou conta dos amantes. Descansavam abraçados, cada qual com seu pensamento.
Giúlia sentiu um pesar na expressão de Ricardo. Para desfazer aquele medo que se apossara deles, brincou:
_ Hoje, quem ficou com fome fui eu! Vou preparar algo para comermos, fique aí, descanse. Beijou seus lábios e foi para a cozinha.
Ricardo ficou na cama dela, observando os seus perfumes, suas miniaturas de anjos, as fotos. Fotos dela nos cavalos, com os filhos e netos, dele sozinho, e com ela no camarim, fotos dela com os cães, na piscina... Tudo demonstrava pureza, não havia malícia no caráter de Giúlia, nunca conhecera alguém assim, era como se ela só tivesse feito aniversário no papel. No íntimo, era uma criança carente, que fazia tudo sem maldade, ela trazia no rosto, uma ingenuidade, incomum em uma mulher de sua idade.
Levantou-se e se vestiu. Havia rascunhos em cima do criado. Começou a folhear. “A felicidade veio junto com ele... A trouxe para mim de presente, como uma recompensa por tantos anos de dedicação, trouxe então, seus beijos que me fazem viajar, para um lugar longínquo, onde tudo é belo. Não sei quando se vai. Mas eu não quero pensar nisso. Abriria mão da eternidade por este contato. Este homem é minha vida”.
Estava inacabado. Quando acabou de ler, tinha lágrimas nos olhos. Nunca se sentira amado desta forma.
Encontrava-se perdido nos seus pensamentos, quando ela entrou, saltando em seu colo, enlaçando seu pescoço, e beijando seu rosto várias vezes, disse:
_ Vamos jantar? Quem chegar por último vai lavar a louça! Dizendo isso, saiu correndo, ele correu atrás, ela fugia e ele no encalço, dava voltas na sala, por entre os móveis, os dois rindo alto, até que ele a alcançou:
_ Peguei! O que ta pensando? Vamos chegar juntos e lavar a louça em dois!
Jantaram, colocaram ordem na cozinha, e foram para a varanda. O frio estava intenso lá fora.
_ Nossa! Como está frio aqui, vamos entrar, disse Ricardo.
_ Espere um pouco... Adoro este vento, e olhe o céu, límpido, estrelado, olhe que lindo! Já sei! Espere aqui que já volto.
Giúlia voltou trazendo o edredom. Deitou-se na rede e o chamou. Ele se juntou a ela, os dois cobertos. A lua iluminava o céu e refletia nas águas da piscina. Realmente, era uma bela noite. Ela tinha razão, seria uma estupidez deixar toda esta beleza atrás da porta.
Ali ficaram por muito tempo conversando, falando de suas famílias, dos gostos pessoais, de amigos, do passado. As horas voaram. A madrugada se iniciava quando resolveram entrar, neste momento, a neblina tinha coberto tudo.
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Comentarios
Re: Trecho de A ÚLTIMA MARGARIDA
LINDO TEXTO, MEUS PARABÉNS, GOSTEI MUITO!
Marne
Re: Trecho de A ÚLTIMA MARGARIDA
Gisa,
O romantismo e a pureza de sentimentos num cenário idílico.
Beijinhos
Nanda
Re: Trecho de A ÚLTIMA MARGARIDA
Gisa
É uma noite assim,
que muita gente estar precisando.
muito bonito esse texto,
Parabéns.
Re: Trecho de A ÚLTIMA MARGARIDA
Lindo texto envolvendo o amor.
Gostei muito.
Abraço,
REF