Realidade

Nunca mais farei sequer mais um verso de amor
em mim o sol se apaga, eterno amoroso ocaso.
Nunca mais sentirei esta ilusória inventada dor
em mim o mundo gira até meu fim, sem nexo, ao acaso.

Rompido, rachado vaso por onde escorre, se esvai
minha alegre vida, a ilusão perdida, a eterna ida
para o vão do que nada que sou, louco abstrato haikai
que relata sem sentido a anatomia desta ferida.

Vou, já sendo póstuma à minha estrada desvalida
(existência, sobrevivência sem vida só ciência)
prazer de ter, tristeza de não ser, apenas querida.

Espero a morte com resiganação, infinita paciência
estou só por opção, situação por mim escolhida
dispo-me assim de vida, sou morte vestida com decência.

(Que o leitor tenha condescendência...)

Das vezes que nos cansamos de sermos apenas imaginação, e nos resignamos frente a nossa, graças a Deus, perene realidade.
Mas o que salva é a arte, que sinto que em mim ainda arde.

Grata pela leitura.

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Domingo, Diciembre 6, 2009 - 15:59

Poesia :

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analyra

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Comentarios

Imagen de Dianinha

Re: Realidade

E com toda a condescendência digo "Nunca mais farei sequer mais um verso de amor", que isto é que não!!!

Continuar a escrever sim, como nos tem sempre encantado...

Gostei muito, belo grito de revolta, em que se entrega ao verdadeiro fim!

Beijinho querida!

Imagen de analyra

Re: Realidade

Grata querida, claro que não são momentos poéticos, tenho muito amor para poetar ainda...
Beijos

Imagen de FlaviaAssaife

Re: Realidade

Ana,

Triste, muito triste... MAs belo em escrita, em poesia!

Imagen de RobertoEstevesdaFonseca

Re: Realidade

Através da arte procedemos à sublimação.

Parabéns por esta reflexão, trazendo á baila a arte, a qual reputo como sendo, por assim dizer, unguento a ungir nossos caminhos.

Um abraço,
REF

Imagen de MarneDulinski

Re: Realidade

analyra!
MEUS PARABÉNS PELA SUA ARTE!
LINDO, TRISTE, VALEU!
Marne

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