de costas voltadas para o céu
passeio entre pontes da cidade
plantadas em margens que não vejo
pronuncio o meu último bocejo
enquanto conto arcos do passado.
no mergulho do destino desenhado
engulo água fria que estremece
com queda desejada que acontece
com salto depressivo e planeado
no estrondo do meu corpo em colisão
adormeço em repouso bem profundo
tomo forma de casco moribundo
ruído por milhas navegadas
em correntes escuras, revoltadas
de noites submersas em solidão
o barco de carne inventado
transporta um sorriso acabado
estampado numa vela que é fantasma
veleja sem vento norteado
o destino foi já sorteado
e desenha à superfície um quiasma
de costas voltadas para o céu
quero em mim o abandono dedicado
daqueles que comandam o sentido
da corrente do rio poluído
por ódios que foram despejando.
vejo-me morto, assim, flutuando
nos dejectos dos sentimentos expelidos
por deuses que foram instruídos
em infernos por onde vão passando
Nuno Guimarães
(www.minha-gaveta.blogspot.com)
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Comentarios
Re: de costas voltadas para o céu
Nuno,
Forte, denso, intenso. Bem construído.
Gostei bastante.
Re: de costas voltadas para o céu
LINDO POEMA, GOSTEI!
Meus parabéns,
Marne